sexta-feira, abril 26, 2024

Sindicalismo deve atuar como multinacionais, com estratégia global e profundo conhecimento sobre patrões

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Seja onde for a legislação é feita para proteger quem financia o almoço e jantar das classe mais privilegiadas, assim, é preciso que a classe trabalhadora busque alternativas para conquistar o que está além da lei, apontou a dirigente da Unite Here Stephanie Weartherbee.

Ao contextualizar a luta do movimento sindical estadunidense, ela destacou que por lá já enfrentam a realidade com a qual o Brasil passou a conviver após a reforma trabalhista.

Segundo Stephanie, somente na década de 1930 foi criada uma lei que dava direito do trabalhador se filiar ao sindicato, desde que a maioria dos trabalhadores da empresa votasse a favor. E a partir de então, a empresa era obrigada legalmente a negociar, enquanto o sindicato conquistou o direito a cobrar uma taxa por essa organização.

Porém, já na década seguinte, diante do crescimento do poder de mobilização da classe trabalhadora, uma ofensiva empresarial começou a vender a ideia, com apoio dos tradicionais meios de comunicação, de que os sindicatos eram uma força contra o desenvolvimento econômico.

Uma nova medida impede a filiação compulsória e também permite ao governo federal intervir em greves se forem consideradas prejudiciais aos interesses nacionais. Também determina que os empregados de uma companhia não poderiam fazer greve em solidariedade aos de outra. Determina ainda a expulsão dos sindicatos das lideranças que se recusassem a assinar um termo apontando que não eram comunistas.

Os ataques, porém, fizeram dos sindicatos organizações que tiveram de se preparar mais, estudar estratégias como fazem os empregadores e se voltassem muito mais às bases para que as ações tivessem respaldo.

“Sem sindicato e sem acordo coletivo, a jornada é decidida inteiramente por empresa e isso inclui trabalho intermitente, que sempre foi legal nos EUA. Ou está no sindicato e tem acordo coletivo ou você só tem os poucos direitos garantidos pela lei. Todos os direitos que trabalhadores têm são garantidos por ações do sindicato e trabalho de filiação nunca foi facilitado por estado e leis, ao contrário”, ressalta Stephanie Weartherbee.

A importância das organizações sindicais se expressa de uma maneira ainda mais clara quando entra em jogo a opressão sobre os trabalhadores imigrantes, grande parte da categoria nos EUA.

“Para imigrantes é sempre lembrado que não é só trabalho que está em jogo, mas também a manutenção no país, uma pressão que tem sido utilizada pelos empresários para impedir que se filiem. E o sindicato atua justamente para defende-los e esclarecer esse companheiros”, explica.

Globalização da luta

Secretário tesoureiro da Unite Here, Carlos Aramayo fez um balanço de como o setor hoteleiro mudou nas últimas cinco décadas. Se antes era possível discutir com o dono de um hotel, um empresário que, quando muito, mantinha três unidades, com a globalização não se tornou mais possível.

As grandes redes enfraquecerem sindicatos e negociações e dificultaram o diálogo porque o primeiro passo se tornou descobrir a quem pressionar, se o grupo, a gerência da rede ou o proprietário. Além disso, pequenas greves se tornaram inócuas.

As mudanças vieram quando trabalhadores passaram a fundar pequenas organizações locais para fortalecer um único sindicato. “Também foi feito um levantamento de todas as datas bases e todos os contratos passaram a ser negociados na mesma data-base. Como resultado, em 2006 foram assinados os melhores contratos para o setor hoteleiros em 20 anos”, apontou Aramayo.

Segundo ele, o estudo e atuação mais próximo à base, ouvindo e permitindo que os trabalhadores atuassem diretamente junto às organizações sindicais foi o que permitiu ampliar a mobilização e vencer grandes corporações.

Como a sindicalização exige o voto majoritário nas empresas, os sindicatos da Unite Here do setor hoteleiro apostaram na estruturação de comitês dentro do local de trabalho e é esse comitê quem faz o trabalho de convencimento antes da definição, enfrenta a campanha anti-sindical da empresa e protege os trabalhadores que sofrem represália, num movimento de resistência e enraizamento do trabalho de base.

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