sexta-feira, março 29, 2024

Contracs promove Oficina de sensibilização de promoção da igualdade racial

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A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT promoveu nesta terça-feira, dia 29, uma Oficina de sensibilização de promoção da igualdade racial na subsede em São Paulo.

Na abertura, o secretário geral Djalma Sutero da Silva parabenizou pela oficina, que trata de um tema pouco debatido na sociedade. “Para a Contracs, é um orgulho receber e fazer este evento para contribuir com a formação dos dirigentes sindicais.”

A secretária de políticas de promoção da igualdade racial, Maria Regina Teodoro, destacou que pensou em unir a reunião do coletivo com uma oportunidade de realizar uma oficina para trabalhar o tema. “É gratificante estar aqui, construir essa secretaria e estar andamento porque é fundamental discutir a questão racial em qualquer espaço.”, disse a dirigente, que emendou:  “Acredito que desta oficina vocês vão voltar bem empoderado o suficiente para dar conta.”

Magali Mendes, do CIS Guanabara, comandou a oficina pela manhã e pontuou que a CUT é a central sindical que mais acumula deliberações sobre o tema da discriminação racial. Entre outros elementos importantes na atuação de promoção da igualdade racial, Magali pontuou o Estatuto da Igualdade Racial, a Constituição, que considera a discriminação como crime e a Convenção 111 da OIT.

Segundo ela, é também preciso saber que não partimos do zero, pois já existe um acúmulo histórico do qual devemos continuar.

Magali realizou uma dinâmica com os participantes colando nas costas de cada um frases que representavam discriminações cotidianas aos quais os negros sofrem durante as apresentações. Cada um só saberia depois o peso que carregava. O desafio proposto era fazer um exercício de alteridade para pensar na sociedade e fazer com todos participantes, negros ou não.

Depois, os participantes dividiram-se em grupos para analisar estudos de casos e propor soluções voltadas à atuação sindical e ações neste sentido.

Na parte da tarde, Ramatis Jacino, presidente do Inspir, conversou com os participantes sobre discriminação e combate ao preconceito. Ele ressaltou a origem da discriminação no Brasil através de um resgate histórico e pontuou, principalmente, que o fim da escravidão se deu por uma lógica do capitalismo. No entanto, conforme explicou, os negros foram jogados à própria sorte já que foram impedidos de trabalhar e não tinham terras ou outros bens, tornando-se marginalizados.

“A maioria das profissões desempenhadas pelos negros após a escravidão eram profissões de baixa remuneração e de pouco reconhecimento social” relatou Ramatis. Segundo ele, existiram também no Brasil dois partidos políticos dos negros, A Frente Negra Brasileira e a Legião Negra. No entanto, ele destacou que com as ditaduras e com o fim dos partidos, os negros não se organizaram mais em partidos e até hoje ocupam pouco espaço na política brasileira.

Questionado sobre as lideranças negras de destaque do movimento sindical, Ramatis respondeu que assim como as mulheres, as lideranças negras foram apagadas da história. Além disso, ele pontuou que como na década de 1920, quando surgiu a classe operária, a maioria dos trabalhadores eram imigrantes muito pouco se defendeu os negros enquanto classe trabalhadora.

Por último, Ramatis destacou que raça é uma construção ideológica e cada país tem sua variação do racismo, que se manifesta de forma diferente em cada lugar, mas serve em todos eles para justificar uma estrutura social através de um “darwinismo social”, que se justificou na teoria de evolução de Charles Darwin.

Entre as possíveis ações na promoção da igualdade racial, o grupo destacou no final da oficina:

·         a coleta de informações através dos sites das entidades sobre a raça de cada internauta;

·         a necessidade de informar nos sites das entidades sobre as leis em vigor para combater o racismo nas relações do trabalho e promover a igualdade racial;

·         o envio de materiais específicos sobre combate ao racismo e outras informações adicionais para as malas diretas das entidades;

·         fazer um grande movimento de conscientização entre sindicatos, Contracs e CUT e

·         municiar os trabalhadores de seus direitos com as leis de combate ao racismo;

·         expor nos sindicatos e nos seus informativos as leis de combate à discriminação e as cláusulas de raça garantidas pela convenção coletiva;

·         reforçar a campanha Basta de Racismo da Contracs;

·         incluir nas fichas de filiação o quesito de raça e de informações sobre discriminação;

·         a necessidade de empoderar para poder lutar e saber quais as ações podem e devem ser tomadas.

Na quarta-feira, dia 30, o coletivo de igualdade racial esteve reunido para definir ações e estratégias de atuação na promoção da igualdade racial.

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