sexta-feira, abril 19, 2024

Seminário internacional analisa influência do mercado sob os setores de comércio e serviços

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Para técnico do Diesse, por conseguirem acessar créditos no mundo inteiro, as empresas transnacionais tem muito poder financeiro, tecnológico e de mercado

Na manhã desta quinta-feira, dia 26, no segundo dia do 9º Congresso Nacional da Contracs ocorreram seminários formativos, nos quais, os delegados puderam aprofundar seus conhecimentos nas áreas de comunicação, relações internacionais, trabalho decente e intensificação do trabalho. O seminário internacional teve como tema a Concentração e transnacionalização do capitalismo e os impactos para os trabalhadores.

Durante o seminário, o técnico do Dieese do Rio de Janeiro, Ademar Mineiro, realizou uma análise sobre os períodos estruturais vividos no sistema econômico durante a década de 1980 que foram responsáveis pela inserção de novas tecnologias nas empresas e operações globais, causando uma mudança na vida da classe trabalhadora com a substituição de pessoas por máquinas.

Segundo Mineiro, neste período também ocorreu a enorme concentração de capital. Fato que proporcionou que um pequeno número de empresas e grandes investidores controlem quase todos os setores econômicos. Ele ainda citou a dominação dos círculos financeiros sobre a produção, fazendo com que as empresas controlem os mercados financeiros para conseguir mais lucro, liquidez e segurança. “As empresas transnacionais tem muito poder financeiro, tecnológico e de mercado por conseguirem acessar créditos no mundo inteiro”.

Para Mineiro, os efeitos das transnacionais atingem diretamente a concorrência, pois com todas essas vantagens ela passa a ser a empresa líder e acaba moldando o mercado. “Ao invés do mercado moldar a empresa e o que ela quer produzir, ele molda o consumidor de acordo com o produto que está produzindo. Na indústria têxtil, o tipo de material que você vai utilizar daqui a dois anos já está sendo produzido hoje. Isso demonstra o poder da indústria”.

A sindicalista estadunidense, Jana Silverman, da ALCIO – maior central sindical americana – falou sobre as redes internacionais e o setor hoteleiro tendo como foco a rede Accor.  Silverman ressaltou a importância de grandes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos para a criação de empregos. “O setor hoteleiro é um setor crescente que está gerando muitos empregos, pois apesar dos avanços tecnológicos, ainda não existe ninguém que substitua uma camareira, ou um porteiro”.

Silverman fez uma análise da rede Accor, 6ª maior do mundo em capital financeiro e que tem origem de capital francesa. Ela destacou que a rede hoteleira está presente em 62 países e possuí mais de 3 mil hotéis em todo mundo, porém fazem a utilização do sistema de franquias, o que dificulta a ação sindical.

Jana Silverman contou um pouco sobre o funcionamento do movimento sindical nos Estados Unidos que se baseia em campanhas. “95% dos trabalhadores estadunidenses não tem representação sindical. Para haver sindicalização é necessária a filiação de 50% da empresa mais um. Essa lei foi criada para enfraquecer os sindicatos”.

O representante da União Global de Trabalhadores (UNI), Benjamin Parton, realizou uma análise do setor do comércio e serviços. Ele destacou a grande concentração do capital empregador em empresas e fez um alerta aos presentes: “Se nós não temos boas representações nas empresas, nós não conseguimos realizar a fiscalização e não temos poder de influência sobre a empresa durante as negociações coletivas”.

Durante análise sobre a rede Walmart, Parton destacou que o hipermercado é três vezes maior que o Carrefour, e que por conta de sua dimensão, ele se torna referência para as demais redes supermercadistas. “Se o Walmart fosse um país, ele seria o 25º maior país do mundo. Ele tem uma grande influência sobre você e sobre o seu trabalho, porque o que ele faz os demais tem que replicar isso é a transnacionalização do capitalismo”.

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