Manifestação aconteceu em 40 países, inclusive no Brasil
Se 15 de abril de 2015 foi marcado por lutas, reivindicações e mobilizações, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) fez sua parte. Desde as 9 horas da manhã, a Contracs e suas entidades filiadas do ramo hoteleiro e do comércio no estado de São Paulo marcaram presença para denunciar as práticas fraudulentas da maior empresa de fast-food do Brasil, a norte-americana Mc Donalds.
No vão livre do Masp, a concentração de diversas entidades sindicais atendiam ao chamado do sindicato global SEIU e lutavam de forma unitária e conjunta pelo respeito aos direitos trabalhistas e contra as práticas da multinacional. O ato, que faz parte da campanha #SemDireitosNãoÉLegal, aconteceu de forma simultânea em mais de 40 países – fato que demonstra que o desrespeito aos direitos dos trabalhadores/as da rede não acontece apenas no Brasil.
O diretor e coordenador do setor hoteleiro da Contracs, Antonio Carlos da Silva Filho, lembrou que o dia era de luta. “É um dia de luta, um dia de reivindicação, para que a empresa tome consciência das suas responsabilidades e pare de ferir o direito dos trabalhadores. Nós queremos que a empresa permaneça aqui no Brasil, mas respeitando os direitos dos trabalhadores. Em nome desse compromisso, companheiros, em nome das Centrais Sindicais – Nova Central, UGT, e a nossa Central Única dos Trabalhadores – agradeço os nossos sindicatos filiados pela luta de todos nós.”
Próximo ao meio-dia e com gritos de “trabalhadores unidos jamais serão vencidos”, cerca de dois mil trabalhadores/as e dirigentes saíram do Masp em direção a uma das unidades da rede, localizada na Avenida Paulista. Segundo os organizadores, a unidade escolhida foi a primeira a ser instalada no estado de São Paulo.
Em cima do carro de som, o presidente da Contracs/CUT Alci Matos Araujo, se dirigiu aos companheiros e companheiras que trabalhavam na loja: “Viemos mostrar para os nossos trabalhadores no Brasil que tem alguém aqui no Brasil que os representa de verdade como as entidades sindicais. E tiramos este dia para vocês companheiros e companheiras que estão dentro da loja exercendo a sua atividade funcional. Nós sabemos de vários acúmulos de funções que tem estes trabalhadores; horas extras que não são remuneradas; a determinação da gerência sobre a jornada móvel e variada, que escraviza e impede o direito dos trabalhadores, que promove o assédio moral e prejudica a saúde dos nossos trabalhadores que estão dentro da marca Mc Donalds no Brasil.”
Em tom de denúncia e provocando o debate com os passantes, Alci continuou: “Você, que passa aí na calçada, sabia que esta marca emite holerite fraudado, que esta marca às vezes em alguns lugares se a gente não fizer a luta dia a dia dá um hambúrguer como alimentação? Então, nós temos que ir à justiça para garantir uma alimentação digna para você, uma condição de salário melhor para você e sua família porque aí, dentro desta loja, a maioria dos trabalhadores/as estão na juventude, muitos deles sofrendo acidente provocado pela fritadeira, acidente pela chapa, acidente provocado pelo acúmulo de funções. Estes são os nossos gestos de denúncia.”
O ato seguiu com fala dos dirigentes presentes. Ao final, um caixão com o palhaço símbolo da rede de fast-food foi queimado e os personagens presentes ficaram presos como símbolo da escravização e precarização provocada pela rede junto aos seus trabalhadores e trabalhadoras.
Dia de Ação Global
A Contracs se mobiliza juntamente a UITA e a SEIU há três anos pelos direitos aos trabalhadores da rede multinacional. No entanto, o movimento é mais antigo e surgiu em 2002 em Nova Iorque. Entre as reivindicações americanas está a remuneração de US$ 15 por hora, já que a rede é uma das que pior paga em território norte-americano.
A Contracs ainda mobilizou, no Brasil, outras entidades sindicais do ramo de comércio e hotelaria que juntos protestaram pelo respeito aos direitos. Em Brasília, a mobilização pela manhã fez parte das atividades do Sindicom-DF e do Sindicato de Hoteleiros. Além disso, as entidades de Porto Seguro, Salvador e Manaus também realizaram atos localmente.
O ato em São Paulo reuniu os companheiros de Águas de Lindóia, Santos, Sorocaba, Osasco e outras cidades.