Encontro debateu saúde da população negra e formou coletivo no último dia
O último dia do I Encontro Nacional de Promoção da Igualdade Racial abordou a temática de saúde da população negra com a palestrante Aparecida do Carmo Miranda Campos, do programa de DST/HIV/Aids e do Fórum de Integração Cultural Afro-brasileiro da Unicamp.
Ela ressaltou que o panorama da saúde da população negra é de comprovadamente de diferença nas condições de viver, adoecer e morrer. Segundo Aparecida, a população branca apresenta melhores condições em todas os segmentos da vida enquanto a população negra sofre com as piores condições.
As piores condições se dão no trabalho, na educação de péssima qualidade, no lazer inacessível, na falta de segurança e excesso de violência policial e doméstica, tem sua cultura desvalorizada, religiosidade perseguida e discriminada e mora em condições precárias, deixando a saúde em situação vulnerável.
“O SUS é o sistema mais igual de todos, mas como tem ineficiência estrutural acaba mesmo quando não intencional muitas vezes ajudando a manter as desigualdades no atendimento às diferentes população.” afirmou Aparecida, que ainda esclareceu que a naturalização do racismo nas instituições de saúde tem sido um entrave para o desenvolvimento da equidade em saúde.
Entre as doenças mais comuns na população negra, a palestrante citou a anemia falciforme, diabete melitus, hipertensão arterial, miomatose, câncer de mama, útero, próstata e intestinal, hepatites b e c, tuberculose, aids e distúrbios mentais oriundos da discriminação.
Além de pontuar as doenças comuns, Aparecida ressaltou o constante surgimento de doenças evitáveis na população negra, mas que surgem devido a questões sociais e de meio ambiente, a falta de estrutura adequada de moradia, sub-moradias e saneamento básico como a doença de chagas, esquistossomoses, leishmaniose, leptospirose, hanseníase, entre outras.
Já em relação às questões sociais a que estão submetidos, a população negra também é comumente acometida por gravidez na adolescência, mortalidade por causas externas (violência), mortalidade materna e infantil e genocídio da juventude negra.
Quanto à saúde no trabalho, a assistente social destacou que o desemprego e o sub-emprego também são fontes de efeitos debilitadores e contribuem para a exclusão social, sendo fator determinante para a perda da saúde física e psicológica e da autoconfiança.
A palestrante pontuou remédios que não fazem o efeito desejado na população negra e como desafios para a saúde da população negra trabalhadora, Aparecida citou a Política Integral de Saúde da População Negra, que tem por objetivo estabelecer estratégias de aplicação desta política a fim de que tenham acesso a ações e serviços de qualidade de forma oportuna, contribuindo assim para a melhoria das condições de saúde e para a redução das iniquidades de raça.
Após os debates, os participantes foram divididos em três grupos para identificar as dificuldades e demandas das entidades em promover a igualdade racial, propor três ações conjuntas nacionalmente e indicar três pontos para a construção de uma pauta nacional.
Após uma hora de debate, os grupos sinalizaram a importância da criação do coletivo de promoção da igualdade racial do ramo e formou-se então o Coletivo com os seguintes integrantes:
Para a região sul, Neusa Maria Alves Bittencourt, do Semapi, será a titular e Paula Fernanda de Souza, do Sec São José, será suplente. Na região Sudeste, Octaciano de Oliveira Neto, do Sindicato dos Hoteleiros de Santos, assumiu como titular e Cleide dos Santos Barbosa será a suplente. Félix Oliveira Pereira, do Sec São Luis, será titular na região nordeste e Caubi Freitas dos Santos, da Fetrace, será suplente. Para a região centro-oeste Maria Helena Pereira da Silva, do Sindiserviços-DF será titular e o diretor Antonio de Sá Viana, do Siemae-DF, será suplente. Como a região norte não estava presente, os nomes deverão ser indicados pela regional norte.