Trabalhadores marcham contra as medidas provisórias 664 e 665 relembrando que direito não se reduz, se amplia
A capital paulista teve sua avenida principal tomada por milhares de trabalhadores na manhã desta quarta-feira, dia 28. A mobilização pelo Dia Nacional de Luta em Defesa dos Direitos e do Emprego organizada pelas seis principais centrais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central – uniu forças para lutar por melhorias e demonstrar a insatisfação da classe trabalhadora com as Medidas Provisórias 664 e 665 que reduzem os direitos ao seguro desemprego, abono salarial (PIS-Pasep), seguro defeso, pensões, auxílio doença e, ainda, estabelece a terceirização da perícia médica para as empresas privadas.
As medidas anunciadas sem consulta ou discussão com o movimento sindical levou as Centrais Sindicais a convocarem os trabalhadores a protestarem contra as decisões do Governo Federal. A mobilização teve início às 10 horas, no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e contou com a participação de trabalhadores e trabalhadoras dos variados ramos do estado.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) participou juntamente com os trabalhadores de sua base da mobilização que teve como mote exigir a revogação das medidas provisórias e propor a abertura de um processo de negociação para corrigir eventuais fraudes na concessão de direitos e benefícios.
Cores e bandeiras invadiram a avenida Paulista com os mais de cinco mil sindicalistas e trabalhadores que lembravam aos governantes e a população que a classe trabalhadora permanece na luta pela defesa e ampliação dos direitos e do emprego. “Nós não vamos abrir mão dos nossos direitos”, exaltava a de Mulheres da CUT Nacional, Rosane da Silva, ao lembrar que não cabe aos trabalhadores pagarem a conta do Sistema de Seguridade Social.
“Com a justificativa de corrigir distorções e fraudes, eles reduziram direitos e prejudicaram os trabalhadores e trabalhadoras de todo o país”. Ressaltou o secretário de Comunicação da Contracs, Alexandre do Carmo, ao lembrar que as medidas afetam diretamente a classe trabalhadora, e prejudicam principalmente os trabalhadores do ramo de comércio e serviços que sofrem com a alta rotatividade e são demitidos sem aviso prévio e com poucos meses de serviços prestados.
Durante o ato, o secretário nacional de Administração e Finanças da CUT, QuintinoSevero mandou um recado ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao afirmar que o ministro precisa parar de andar de avião e colocar os pés no chão, para conhecer a realidade da classe trabalhadora. “O seguro desemprego não está ultrapassado. Ultrapassado está o conhecimento do Levy sobre a realidade do trabalhador, que sofre com alta rotatividade que dispensa quase 40% dos trabalhadores anualmente”.
Maria da Glória, presidente daAssociação dos Bancários Aposentados do Estado de São Paulo (Abaesp) afirmou que as Medidas Provisórias 664 e 665 são absurdas, pois reduzem direitos a muito tempo conquistados pela classe trabalhadora. “Direito é algo do qual não se abre mão. O governo não pensou na classe trabalhadora e na população ao propor essas medidas. Ao contrário do que se pensa, todos saímos prejudicados e mais do que nunca, temos que lutar e nos mobilizar contra essas mudanças no Sistema de Seguridade Social”.
A secretária de Relações Internacionais da Contracs, Lucilene Binsfeld, ressaltou que quando há medidas que alteram os direitos do trabalhador a mobilização das Centrais e de toda classe trabalhadora é fundamental para a conquista de mudanças e melhorias. “Reivindicar e propor medidas para a criação de um sistema de emprego viável que consiga realocar imediatamente o trabalhador que foi demitido é nosso papel”.
Ao longo de toda a manifestação, líderes de todas as centrais se revezaram no carro de som para falar sobre os problemas que afligem a classe trabalhadora. A falta d’água em São Paulo e a grave crise no abastecimento foram lembradas ao longo da caminhada que teve como destino o prédio da Petrobrás. No local foi ressaltado que é preciso fortalecer a estatal e não deixar que os escândalos sejam confundidos com a totalidade dos trabalhadores e com a empresa.
Na próxima terça-feira, dia 3, as centrais voltam a se reunir com os ministros Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência), Carlos Gabas (Previdência), Manoel Dias (Trabalho e Emprego) e Nelson Barbosa (Planejamento) para mais uma vez discutir as alterações nas medidas.
E no dia 26 de fevereiro, as seis centrais voltam às ruas para realizar nacionalmente a Marcha da Classe Trabalhadora que visa à entrega de uma pauta de reinvindicações solicitando o fim do fator previdenciário; a redução da jornada para 40 horas semanais; a correção da tabela do Imposto de Renda; o fim do Projeto de Lei nº 4330/04, que amplia as terceirizações; mais investimentos em educação, saúde e segurança ao Executivo federal, aos governos estaduais e ao empresariado.