5ª Marcha das Margaridas contou com o apoio e participação do ramo
O ramo do comércio e serviços esteve bem representado durante a 5ª Marcha das Margaridas. Além da delegação da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) que saiu de São Paulo, diversos dirigentes de outras entidades se uniram às caravanas estaduais e também marcharam em Brasília assim como as entidades de Brasília que se somaram ao ato.
A secretária de mulheres da Contracs, Paloma dos Santos, pontuou que a participação do ramo é de extrema importância, especialmente pelo fato das mulheres comporem majoritariamente os setores representados pela confederação. “Eu acho que é super importante a gente participar e trazer as mulheres porque ainda falta trazer as mulheres para a militância e mostrar o quanto é importante não só participar, mas conhecer a realidade de outras categorias e de outros ramos.”
A Marcha saiu do Estádio Mané Garrincha a partir das 7 horas da manhã desta quarta-feira, 12 de agosto, reunindo milhares de mulheres. A organização estima que o ato trouxe mais de 70 mil decididas para florir Brasília mostrando os seus quereres como canta a música-lema.
A Marcha Mundial de Mulheres (MMM) também fez parte do ato e integrou o primeiro bloco da marcha com uma bateria, que puxava e agitava a marcha enquanto no carro de som as lideranças revezavam chamando as margaridas para a luta, reivindicando por igualdade, liberdade, autonomia, democracia e desenvolvimento.
Muitas pautas, muitos sonhos
Além de falas políticas, o carro de som também entoava gritos de ordem em defesa da presidenta Dilma, que tem sido constantemente atacada em meio à crise política brasileira. As lideranças reafirmavam que atacar a presidenta é atacar todas as mulheres brasileiras e tais atos demonstram como a violência contra a mulher é tida como natural e costuma ser banalizada pela sociedade.
Em meio à marcha era possível, então, conhecer os quereres de cada margarida onde cada uma levava sua bandeira, seu sonho e seu motivo para lutar. Havia faixas e placas das mais diversas e algumas pediam pelo direito ao corpo e o direito ao aborto; se posicionavam contra o golpe anunciado pela onda conservadora no País, contra o racismo, contra o machismo e contra o PL 4330; reivindicavam a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação e defendiam a Petrobrás; pediam por um Brasil e um Estado laico, o fim da violência contra as mulheres, mais direitos e pela participação das mulheres na política.
Toda vez que o carro de som questionava até quando continuariam marchando, as mulheres respondiam e contavam que continuarão em marcha até que todas sejam livres entoando o lema da Marcha Mundial.
A secretária de mulheres da Contracs destacou que embora o ramo e a marcha tenham categorias diferentes, as pautas são as mesmas. “As lutas são as mesmas: por direitos iguais, direitos de oportunidades e igualdade em todos os setores e mais especificamente onde a mulher se insere no mercado de trabalho.”
As margaridas do ramo se juntam à Marcha
A trabalhadora doméstica Noêmia Correia dos Reis, do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas da cidade de São Paulo, classificou a marcha como “muito legal”. Ela nunca havia participado da Marcha das Margaridas. “Eu venho à Brasília para outros assuntos, do Congresso Nacional e outros assuntos da minha categoria, mas para a Marcha das Margaridas é a primeira vez e eu achei muito legal.”
Noêmia destacou que gostou não só da marcha como da união, das músicas e de tudo que viu nestes dias em Brasília. Ela destacou que o ato também foi importante por defender a democracia. “Precisamos dar apoio à Dilma porque ela tem sido muito crucificada.”
Bernadete da Silva Oliveira, do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação da Baixada Santista, também veio pela primeira vez à Marcha. “Gostei muito e correspondeu à minha expectativa. Foi tudo que eu achei que era realmente. Me encantei com a cidade, com o movimento, com tudo que eu vi hoje. Fiquei muito contente. O que mais me chamou a atenção foi a mobilização das mulheres. Eu não imaginava que fosse algo tão grande. Eu nunca tinha ouvido falar.” Bernadete surpreendeu-se, especialmente, com as mulheres da Amazônia e com as quebradeiras de coco: “O que mais me chamou a atenção foi a questão das mulheres da Amazônia e a gente que vive na cidade não tem noção que elas tem tanta consciência. Que quando você vê é tocante. Você pensa que porque moram lá não tem consciência. Mas quando você vê, elas estão muito mais inteiradas dos assuntos e são mais cidadãs do que nós que moramos na cidade e não nos preocupamos com isso. As quebradeiras de coco também foi demais; eu estava lá, ouvindo elas falar e fiquei tocada com aquilo.” finalizou.
Conquistas e expectativas
Alessandra Lunas, coordenadora da Marcha, destacou que a maior conquista de todo o ato é a Marcha em si. “A maior conquista é ter esta unidade das mulheres do País inteiro – do campo, da cidade, da floresta, das águas -, que estão juntas na rua com o mesmo objetivo. Eu acho que isso por si só, essa força e unidade de ousadia das mulheres é a conquista maior da marcha. Com o pé muito no chão da terra, como a gente costuma dizer no campo, tendo a certeza e demarcando na conjuntura política do nosso País.”
Caminhando a frente da Marcha, Alessandra destacou que a expectativa era de encontrar mais uma vez a presidenta Dilma Roussef, que já havia recebido em 2011 a pauta das margaridas. A coordenadora acreditava que Dilma iria anunciar muitas questões que garantiriam a continuidade das conquistas de melhorias para a vida das mulheres nos próximos anos. “Na marcha passada a presidenta Dilma já veio para receber nossa pauta. Então, este é um momento importante de balanço entre esta marcha e a marcha passada.” concluiu.
Ao se aproximar do Congresso Nacional, a Macha recebeu mais uma integrante: a deputada federal Benedita da Silva. De lilás, ela subiu correndo o gramado do Congresso com o objetivo único de se integrar à marcha e se tornar mais uma das milhares de margaridas que caminhavam em direção ao Palácio do Planalto.
A Marcha circundou o Congresso e finalizou seu ato junto ao gramado com o carro de som mais uma vez recebendo as lideranças em sua última fala.
A Central Única dos Trabalhadores levou 15 mil mulheres à marcha de diversos pontos brasileiros. A secretária de mulheres da Central, Rosane Silva, fechou as falas reafirmando a necessidade de políticas públicas para as mulheres trabalhadoras como a garantia de creches públicas. “O primeiro passo é considerar as mulheres como sujeitos políticos que têm direito a políticas públicas que garantam creches para que possamos deixar nossos filhos e ter maior participação na vida pública, que promovam a igualdade no mundo do trabalho, onde ainda ganhamos menos, mesmo tendo maior escolaridade”, disse.
Rosane também destacou que a CUT vai continuar na rua em defesa da liberdade e da democracia.
Avaliação
Paloma dos Santos, secretária de mulheres da Contracs, fez um balanço final do evento.“A avaliação em relação à participação do ramo é positiva, bem positiva. As meninas estão bem integradas e veio bastante gente nova esse ano do ramo e dos nossos setores desde gari até as meninas do comércio, então está gostoso, está legal. A gente viu as meninas de outros estados também do nosso ramo, então está sendo super importante e no final eu acho que a gente vai ter um resultado super importante até para a gente discutir como a gente pode se organizar melhor.” finalizou
Após a Marcha, que terminou por volta de meio-dia, todos e todas as manifestantes retornaram ao Estádio Mané Garrincha. Às 15 horas o ato de encerramento receberia a presidenta Dilma Roussef para que ela recebesse mais uma vez a pauta da Marcha.