Sindicatos dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul participaram do encontro
O segundo encontro da Regional Sul da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT ocorreu nos dias 3 e 4 de setembro na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O encontro ocorreu na sede do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (SEMAPI) e teve a participação de entidades filiadas dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os dirigentes sindicais e diretores da Contracs Mara Feltes, João Gabriel, Marli Babinski e Vanilson Cordeiro realizaram a abertura da cerimônia e destacaram a importância deste trabalho de reunir os estados, de elencar as demandas e diretrizes estratégicas para as ações sindicais e assim aumentar a solidariedade cutista na região.
Durante o encontro foi realizada uma análise de conjuntura da política nacional e regional. Os presidentes das Cuts estaduais, Ana Júlia de Santa Catarina; Regina Perpétua do Paraná e Claudir Nespolo do Rio Grande do Sul abordaram o momento de incertezas e de jogo aberto na disputa de governo e projeto de sociedade.
Claudir Nespolo fez uma análise da atual crise política vivenciada pelo Brasil e abordou a luta dos servidores públicos do Rio Grande do Sul que estão sofrendo com atrasos de salários, projetos de lei de proibição de reajuste salarial e sobre o fechamento de fundações importantes no estado.
Regina Perpétua destacou as medidas adotadas recentemente pelo governo Dilma, em especial as prejudicais MPS 664 e 665 que prejudicam a classe trabalhadora. Segundo ela, no Paraná, os principais problemas enfrentados pela classe trabalhadora são as tentativas do governo de sucatear e fragilizar o estado, com privatizações, com aumento de pedágios em 235%, e um pacote fiscal de aumento de tarifas que vão do IPVA aos alimentos da cesta básica.
Ela também destacou a importância do crescimento do ramo de comércio e serviços na região sul do país. Hoje na região, há mais de 800 sindicatos que não indicam filiação a nenhuma central, assim a organização deste grande setor é fundamental pois está em terceiro lugar em número de entidades, associados e com potencial de grande crescimento.
Ana Júlia, por sua vez, falou sobre a importância da unidade na região Sul e da solidariedade cutista em prol das causas dos trabalhadores. Ela destacou que os eventos nos estados, atos de rua atingem fortemente a sociedade e que a vitória do governo Dilma nas eleições foi decorrente o trabalho do movimento sindical. Regina destacou também que as conquistas nas negociações coletivas têm sido abaixo do esperado, entretanto a luta pelos reajustes do Piso mínimo no Estado trouxe uma importância de grande relevância junto aos trabalhadores pois garantiu um aumento real na renda dos trabalhadores assalariados.
Após a análise de conjuntura o professor Róver Iturriet Ávila deu uma palestra sobre a nova direita do país. Durante sua exposição ele afirmou que a política é um ato de paz, frente a disputa de poder, uma vez que o voto e a democracia são a grande vitória.
Para Róber durante um momento de fraqueza da direita, o governo Lula conseguiu realizar uma conciliação entre a direita e a esquerda. Com a chegada de Dilma – que teve um governo mais a esquerda, inclusive com enfrentando ao sistema bancário em 2012 com redução da taxa de juros e a política de valorização do salário mínimo – a direita não quer mais conciliar e o atual governo sofre ataques semelhantes aos ocorridos com Jango e Vargas.
Segundo Rober, a direita não quer mais um estado forte, distributivo, com valorização do salário mínimo, com distribuição de renda, saúde e educação, atuando na organização da economia, ou seja, eles não querem pagar por isso. Essas melhorias tiraram os recursos da renda da burguesia, de seus resultados e agora eles não querem mais dividir seus patrimônios.
No final da palestra, o professor apresentou um artigo que escreveu sobre o ódio ao PT baseado na variação do salário mínimo desde os anos 40. Ele explicou que o aumento do salário mínimo nos anos 40 com Vargas causou o seu suicídio; nos anos 60, o segundo aumento realizado durante o governo João Goulart teve como resposta o golpe de estado. No período de 64 até os anos 2000, no Brasil houve somente queda salarial e o controle do capitalismo com o neoliberalismo. Com a entrada do Lula e a recuperação do salário mínimo nos últimos anos, a reação da direita é o Fora PT. Concluindo a palestra, o professor destaca que vivemos uma crise política e não uma crise econômica como a imprensa divulga.
No terceiro momento do encontro, o presidente da Contracs Alci Matos Araujo realizou uma palestra com o tema “Conhecer o Projeto Organizativo para identificar as potencialidades da regional Sul”. Ele falou sobre a necessidade de potencializar a comunicação, para torna-la mais ágil e assim realizar um trabalho junto ao congresso nacional. Para ele o atual desafio da região é levar as políticas construídas em coletivos internacionais, nas redes sindicais, nos coletivos nacionais, junto aos sindicatos, ou seja, é trazer a demanda nacional para a base.