A defesa da construção de uma sociedade justa e igualitária, presente no movimento sindical desde a sua concepção, foi tema de debate na manhã dessa quarta-feira (26), na 3ª Plenária da Contracs. Os delegados de base, que vieram de todas as partes do país para participar do evento, contaram com a participação do ex-senador e atual vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT-SP), que emocionou os presentes em um discurso de unidade e esperança, resgatando momentos e personalidades históricos que norteiam e inspiram a militância a enfrentar as lutas atuais. “Queremos uma sociedade muito mais igualitária, democrática, com as características do socialismo. Se nós quisermos construir essa sociedade, precisamos levar em consideração os valores que são primordiais para a humanidade. A busca por verdade, ética, justiça, solidariedade e fraternidade, expressa nos mais belos discursos da história, deve governar as nossas ações. Todos nós queremos progredir, mas como sempre transmito aos meus filhos e netos, não podemos depender que o nosso progresso seja às custas do fracasso de outros”, afirmou Suplicy. O vereador citou um trecho do discurso “I have a dream”, em que Martin Luther King fala sobre o racismo e todas as dificuldades pelas quais passavam os negros norte-americanos na década de 1960. Suplicy conclamou os sindicalistas a usarem esse momento histórico a seu favor, resistindo e acreditando sempre que é possível alterar a realidade em que vivemos. “Com esta fé, nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé, nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé, nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, sermos presos juntos, defender a liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livres”, foi o trecho do discurso citado pelo ex-senador petista. Organizando os trabalhos da mesa, o secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador da Contracs, Domingos Braga Mota, fez uma reflexão sobre o tempo atual em que vivemos, que segundo o sindicalista, “é de insegurança urbana, perseguição e assassinato de trabalhadores e trabalhadoras rurais, ameaça, repressão policial, ou seja, somos vítimas de todas as violências possíveis e imagináveis”. “Queremos uma sociedade de iguais, de homens e mulheres que tenham os mesmos direitos. Somos homens machistas em desconstrução, e essa é a nossa proposta. – afirmou Domingos. O debate contou ainda com a participação do secretário de Formação da Contracs, Olinto Teonácio, e da diretora Lucilene Binsfeld, além de intervenções dos delegados sindicais presentes e da saudação do presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes, José Boaventura. “A evolução humana emana sua força criadora em tempos difíceis. Hoje, nós temos diversos instrumentos para elevar o grau de justiça social. O bolsa família, por exemplo, é um deles. A luta por justiça social é inerente ao ser humano e está presente em todas as religiões. Marx sintetizou essa ideia em 16 palavras: de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com suas necessidades”, discursou Suplicy. Construindo o socialismo O debate também contou a participação do secretário de Política Econômica e Desenvolvimento Sustentável da Confederação Sindical de Trabalhadores/as das Américas (CSA), Rafael Freire, que contribuiu com o debate trazendo dados sobre a atual situação de desigualdade mundial, causada pela ascensão de um modelo econômico neoliberal que se infiltrou na maioria dos países do mundo. “Com o fim da União Soviética, nos anos 1990, a bipolaridade do mundo acabou e as políticas neoliberais começaram a imperar. Mas eles prometiam para a sociedade um tipo de desenvolvimento que não entregaram e a América Latina teve a possibilidade de construir um modelo pós neoliberal, impulsionados pelo advento dos governos progressistas e de esquerda. A resposta da onda neoliberal foi um ataque frontal à democracia desses países, e isso também aconteceu no Brasil com o golpe de 2016”, explica secretário da CSA. Rafael Freire também explicou sobre a importância de unificar a América Latina em uma Jornada continental pela democracia e contra o neoliberalismo, que já está em curso e será aprimorada em novembro, em um grande encontro que reunirá lideranças de movimentos sociais de diversos países que passam por situações semelhantes. “Mesmo com todas as dificuldades que temos hoje, sabemos que sim, vamos vencer, porque nós, homens e mulheres, fazemos parte humanidade que ao longo da história se posicionou em momentos dificílimos. Na maioria das vezes eram minorias e ganharam porque estavam do lado certo da história. Se nós vivêssemos nos tempos da inquisição, escravidão, nazismo, nós seríamos aqueles que resistiram e venceram. Nós temos a oportunidade de não nos ajoelharmos para um governo golpista e em pé dizer: sim, vamos vencer”, conclui o dirigente sindical.