segunda-feira, outubro 7, 2024

Organização mundial do serviço público defende #LulaLivre

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Encontro em São Paulo apontou resistência contra o golpe no Brasil e Cone Sul e estratégias para resistir ao avanço do neoliberalismo

A Internacional dos Serviços Públicos (ISP), entidade que reúne organizações sindicais de servidores de 156 países, promoveu entre os dias 6 e 9 de maio em São Paulo um encontro de seu Comitê Consultivo Sub-Regional para o Brasil e Cone Sul.

A atividade teve como tema “as pessoas acima do lucro” e discutiu os tratados do Mercosul e da União Europeia, além de outros acordos multilaterais e a globalização dos retrocessos que se aprofundam na região por meio do avanço do conservadorismo e do neoliberalismo.

Questões como o racismo, principalmente na América Latina, a desigualdade de gênero e a dificuldade de inserção da juventude no mercado de trabalho e, consequentemente, no movimento sindical foram apontados como alguns dos efeitos desse cenário.

Os dirigentes sindicais de Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai trataram também do golpe de estado no Brasil e elaboraram uma moção de repúdio contra a perseguição, condenação sem prova e a prisão arbitrária do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto será entregue a Lula, preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal em Curitiba.

Representante da Confederação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) e do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Pública Intermunicipal da Bahia, Carlos David, o Negro David, defendeu a importância de o movimento sindical brasileiro levar a instâncias internacionais a ideia de que a luta pela democracia no mundo passa por frear o golpe no Brasil.

“Precisamos manter a defesa da candidatura do Lula porque ele representa a resistência da classe trabalhadora em defesa de seus direitos aqui e fora. Aceitar os retrocessos por aqui torna toda a região passível de medidas de exceção”, definiu.

Durante encontro da ISP, Eliezer alertou para estragos internacionais da reforma trabalhista (Foto: Divulgação ISP)

Nesse mesmo aspecto, o secretário de Relações Internacionais da Contracs, Eliezer Gomes, ressaltou que a reforma trabalhista se torna uma preocupação de todas as nações.

“A proposta de mudança na legislação trabalhista que causa impacto sobre as condições dignas de trabalho já foi adotada pelo Banco Mundial e causa preocupação para companheiros de outras nações, porque se torna uma referência para o mundo”, alertou.

O golpe na prática

Razões para outros países se preocuparem não faltam e os números do Brasil pós-golpe mostram o prejuízo causado pela ascensão do golpista Michel Temer (MDB) e seus aliados.

Coordenadora de Pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Pelatieri, lembrou que o número de brasileiros em situação de extrema pobreza aumentou 11,2% de 2016 para 2017, a desocupação média ficou em 12,7%, a maior taxa registrada desde 2012, e que em um ano 1,49 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza.

Na outra ponta da balança, quem financiou o golpe ganhou muito: em 2017, Itaú, Bradesco e Santander tiveram um lucro de R$ 53,8 bilhões, 20% superior ao lucro do ano anterior.

Além disso, ressaltou, programas sociais como o Minha Casa Minha Vida foram radicalmente reduzidos, o Ciência Sem Fronteiras acabou, a exploração do pré-sal foi aberta aos estrangeiros, assim como a venda de terras brasileiras.

Apenas alguns dos pontos que representam o rompimento dos três grandes pilares de sustentação social: o dos programas sociais, da garantia de serviços públicos universais e da proteção trabalhista e previdenciária.

Apesar desse desmonte, para o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Embaixadas, Consulados, Organismos Internacionais e Empregados que Laboram para Estado Estrangeiro ou para membros do Corpo Diplomático Estrangeiro no Brasil (Sindnações), Victor Quaresma, ainda há uma grande dificuldade para dialogar com quem comandará no futuro e esse é o grande desafio dos movimentos atuais.

”A juventude está mais progressista, mas ainda assim com dificuldade de entendimento de que existe uma agenda neoliberal implementada na América Latina. O jovem tem de estar cada vez mais por dentro sobre esse assunto, porque daqui a 5, 10 anos vai assumir outros postos de comando e vai ditar o que foi ensinado para ele. Percebemos que os jovens da Argentina, por exemplo, estão muito mais preocupados e empenhados em combater a agenda do neoliberalismo e sugeriram criarmos uma ferramenta conjunta, oficinas, escolas para trocarmos experiências sobre como lidar com essa plataforma de retrocessos de maneira unificada.”

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