quarta-feira, dezembro 11, 2024

Unir sindicalização com politização é o caminho para derrotar o golpe

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Em reunião da direção da Contracs, José Genoíno aponta que não pode haver governo progressista sem que movimentos sociais governem juntos

Cearense nascido em Quixeramobim, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores José Genoíno se define como um otimista com os pés no chão. E é com eles firmes na terra que o ex-deputado federal por São Paulo durante 25 anos defende politizar o processo de sindicalização como uma saída para que o Brasil possa retomar o caminho progressista.Dirigentes da Contracs discutiram rumos do movimento sindical e participação das entidades nas eleições

“Temos de fazer um trabalho de conscientização, voltar ao local de trabalho, um processo coletivo e de mobilização, que dialogue com o povo. O movimento sindical, se não fizer isso, se liquida. O capitalismo não quer negociar, só negociará se perceber que os sindicatos têm força”, definiu.

O ex-parlamentar esteve nesta sexta-feira (20) em Mongaguá (SP) para participar da reunião da direção da Contracs (Confederação do Trabalhadores no Comércio e Serviços) em sua análise da conjuntura brasileira, demonstrou enxergar um aspecto positivo no formato do golpe, que teve como objetivo colocar o PT nas cordas.

“Esse processo criou politização da população porque perceberam que só o PT apanha. E é por isso que Lula está preso. Lula é a representação simbólica do anti-golpe, se soltá-lo ele se elege ou elege quem apoiar. Com a prisão dele, o que está em jogo é completar o processo de aumento da subordinação do Brasil ao sistema financeiro internacional, completar a privatização de Caixa Econômica, Banco do Brasil, fazer reforma da Previdência”, apontou.

Onde errou

Um dos parlamentares presentes no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, ele lembrou que o PT, apesar de assinar a carta, criticou em voto simbólico cinco pontos. Ao abordar esse tema, ressaltou ainda que foram temas não aprofundados durante os governos petistas, mas que precisam ser tratados em uma futura gestão.

São eles a relação com a propriedade, a reforma do Poder Judiciário, a reforma do Conselho de Segurança Pública, fazer da tortura crime contra a humanidade e a regulação da comunicação.

Em relação ao último ponto, a mídia hegemônica, Genoíno aponta o papel dela para apontar direções e determinar valores, por isso a importância de estabelecer regras para seu funcionamento, combater o monopólio e garantir o contraponto em temas, como por exemplo, a defesa da soberania nacional.

“Temos a entrega da base de Alcântara, da Embraer e se privatizarem também o projeto de submarino nuclear, a soberania estará entregue. Para dizer sim ou não numa negociação com atores internacionais, é preciso ter força, algo que o Brasil está perdendo”, falou Genoíno.

Ao retomar o tema da sindicalização com politização, ele apontou os prejuízos que não executar ambos os processos causam.

“Uma das coisas mais difíceis da esquerda é mexer com corações e mentes. Nosso erro foi fazer ProUni, Bolsa Família, Pronaf e não mexer com corações e mentes. Mostrar que só um governo popular e progressista pode tocar projetos assim. É o mesmo que fazer a luta sindical e não mostrar que sem sindicato não se garante conquistas. Você perde a  disputa consciencial.”

Lula como ideia – Ao final, ele tratou do apoio a Lula e falou que o grande apoio ao ex-presidente se traduz em defender seus valores como princípios para a luta.

“A maior solidariedade a Lula é ser capaz de transformar o exemplo dele em ideia e é uma ideia. O que aprendemos no governo e que temos de usar como princípio é que sem mobilização popular a gente não garante conquistas e não faz transformações. Temos que apostar na mobilização, na resistência popular e na unidade das forças de esquerda e Lula também defendia isso”, determinou.

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