quinta-feira, novembro 21, 2024

Em ato, Contracs pressiona governo colombiano pelo fim do assassinato de dirigentes sindicais

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Uma comitiva de dirigentes da Contracs (Confederação dos Trabalhadores do Comércio e Serviços) promoveu um ato ao lado de sindicatos da UGT e da Força Sindical nesta sexta-feira (14), diante do consulado da Colômbia, na zona sul de São Paulo.

Da mesma forma que ocorreu no México, Chile e Peru, também no Brasil os dirigentes pressionam para que o governo daquele país atue contra a perseguição e assassinato de lideranças sindicais e de movimentos sociais.

Segundo informações da UNI Américas, representação regional da UNI Sindicato Global, que representa mais de 22 milhões de trabalhadores no setor de serviços em 160 países de todos os continentes, apenas neste ano, 315 dirigentes sindicais e lideranças de movimentos sociais foram perseguidas ou mortas.

De acordo com o próprio governo da Colômbia, entre 2016 e 2017, houve 144 assassinatos de defensores dos direitos humanos. Os números da Defensoria Pública local, porém, são muito mais alarmantes e apontam para 282 assassinatos de pessoas que se dedicavam à defesa dos direitos trabalhistas ou direitos humanos.

Em 2017, de acordo com números oficiais da Organização das Nações Unidos (ONU), foram 441 ataques contra líderes sociais e comunitários, 41 tentativas de assassinatos contra essas pessoas e 213 ameaças, o que faz do país um berço da impunidade para quem quer calar as organizações sindicais

Inicialmente, a equipe do consultado não queria receber o documento protocolado por Uni União Global, CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas), REL-UIT (União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação, Agricultura, Hotelaria, Restaurantes, Tabaco e Afins), ISP (Internacional dos Serviços Públicos), ICM (Internacional de Trabalhadores da Construção e Madeira), IndustriaALL União Global e ITF-Américas (Federação Internacional dos Trabalhadores do Transporte). Mas acabou por ceder após a pressão das organizações sindicais.Documento protocolado no Consultado da Colômbia

Conforme apontou o presidente da Contracs, Alci Matos, a classe trabalhadora é internacional e a defesa da dignidade e do direito à livre organização tem de ser também uma luta global.

“Mostramos que estamos preocupados e cobraremos do presidente da Colômbia para aponte leis e garantias de vida aos companheiros e companheiras que defendem os direitos da classe trabalhadora e os direitos humanos naquele país. E ouvimos que haverá comprometimento do consulado para encaminhar essa reivindicação ao governo de Iván Duque”, apontou.

Alci lembrou ainda que representantes das mesmas entidades que assinam o documento têm audiência marcada também nesta sexta-feira no Ministério do Trabalho de Duque para cobrar medidas protetivas às lideranças.

No país do Nobel, falta paz

Apesar de premiado com o Nobel da Paz em 2016 pelo acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente Juan Manuel Santos, não foi capaz de garantir a segurança para a atuação democrática dos sindicatos. Uma situação que não pode mais ser admitida no país, conforme destacou o secretário de Relações Internacionais da Contracs, Eliezer Gomes.

“Precisamos que se amplie o diálogo com os movimentos naquele país e se tomem providências significativas, porque é uma vergonha, em pleno século 21, temos trabalhadores mortos por lutarem por seus direitos”, disse.

Para o secretário de Saúde e Segurança do Trabalhador, Domingos Mota, é preciso tomar cuidado para que o mesmo cenário não ocorra no Brasil. “Por lá vemos atuar impunemente pistoleiros pagos por multinacionais para frear a luta sindical. Mas não vamos nos esquecer de que temos um candidato à presidência aqui que tem a mesma prática, de querer tratar na bala trabalhador, homossexuais, quilombolas e qualquer grupo que lute por seus direitos”, alertou.

Na visão do secretário-geral da Contracs, Antônio Almeida, o que unifica a luta de todas as categorias pelo mundo é o direito à expressão. “Não podemos aceitar que a defesa da classe trabalhadora seja alvo de mortes em qualquer país do mundo por meio de repressão e mortes”, criticou.

Dois pesos, duas medidas – No encerramento, o secretário-geral da Uni Global, Marcio Monzane, mandou um recado ao governo colombiano e disse que não é possível haver país onde não há liberdade.

“Tivemos mais de 315 assassinados de líderes de movimentos sociais sem investigação num momento em que se discutia a paz. E é difícil que o trabalhador colombiano compreende que há realmente um processo de paz quando está vendo vários companheiros sendo assassinados. Por isso, entregamos essa carta aqui hoje, mas também à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e às Nações Unidas pedindo intervenção. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto isso acontece com nossos irmãos colombianos, é preciso que o governo se responsabilize por isso e respeite os direitos de livre organização, trabalhista e humanos”, definiu.

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