quinta-feira, março 28, 2024

Com críticas à reforma da Previdência e a defesa de Lula Livre, Contracs abre o 10º Congresso

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Parlamentares e dirigentes sindicais de todo país apontaram importância de uma agenda de lutas voltada ao combate ao roubo da aposentadoria por Bolsonaro

Numa noite de ausências, mas também de esperança, a Contracs abriu o 10º Congresso Nacional nesta segunda-feira (25). Citadas por todas as lideranças, a ausência de direitos e de dignidade por parte do Executivo, Legislativo e Judiciário, fez companhia à saudade de lideranças como Elizeu Rodrigues, ex-presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços do Ceará (Fetrace), morto no último dia 13, e a quem o congresso homenageou na abertura.

Com 323 delegados inscritos de todo o país, a Contracs é a primeira entre as confederações cutistas a realizar o encontro nacional de suas bases, uma etapa que antecede ao congresso da CUT. E durante o encerramento, o presidente da entidade, Alci Matos, em seu último mandato, apontou a responsabilidade de a organização dar o pontapé à elaboração da série de planos de lutas que virão.

“Tem muita gente nos vigiando porque sabem do poder dos trabalhadores do comércio e serviço quando estão unidos. O companheiro Elizeu dizia que a luta tinha de ser no dia a dia e é por isso que ele dá nome ao nosso congresso. Sairemos daqui munidos de alegria, energia, experiência e conhecimento. A luta só começou”, disse, fazendo alusão ao tema da atividade.

Previdência para impulsionar

Criticada por todos os presentes, a reforma da Previdência, do presidente Jair Bolsonaro, também foi tema para o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que apontou como o ataque à aposentadoria é a luta da vida do movimento sindical.

“O que elegeu o Bolsonaro foi seu compromisso em entregar a Previdência aos bancos. Mas nós conseguimos mostrar ao trabalhador que vai morrer sem se aposentar. Só que é preciso ir além, dizer que querem entregar a Previdência na mão dos banqueiros. Essa questão do estrangulamento financeiro que querem fazer aos sindicatos é pra obrigar o movimento sindical a aceitar o regime de capitalização. Isso não passa na CUT de maneira nenhuma. O enfrentamento que temos que fazer à Reforma é o enfrentamento das nossas vidas.”, avaliou.

A ideia é compartilhada pelo deputado do Distrito Federal Chico Vigilante (PT). “Se derrotamos a reforma previdenciária, derrotamos o ‘capiroto’ (referindo-se a Bolsonaro). Essa é a batalha decisiva”.

Na avaliação do secretário regional da Uni Américas, Marcio Monzane, a estratégia aplicada por Bolsonaro e sua base aliada não é algo isolado, mas pode ser um tiro pela culatra e instigar o crescimento da luta dos movimentos sindical e sociais.  

“Em todo o continente vemos o ataque à negociação coletiva, a tentativa de tirar a proteção social trabalhista e de destruir o direito sindical. As mesmas propostas de reforma são vistas em todo o continente. Mas isso também representa uma oportunidade. Não hoje um trabalhador que não tenha problemas. E se o Estado não está atuando, ele terá apenas o movimento sindical para defende-lo”, lembrou.

Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, indicou como a reforma, tão cruel com os rurais, pode também destruir as cidades. “Se tirar o direito previdenciário rural, isso vai quebrar a maioria dos comércios do Brasil. Temos que derrubar essa reforma atacando parlamentares em suas bases, onde são votados, e de gabinete em gabinete. Assim vamos ganhar esta luta.”

A visão é compartilhada pela vice-presidenta da CUT e dirigente também de base rural, Carmen Foro. “Tem de sair com um plano para derrotar a reforma da Previdência, porque o trabalhador, com trabalho precário e rotatividade que a reforma trabalhista já impôs, não conseguirá contribuir por 40 anos. Será impossível ter aposentadoria”, definiu.

Oportunidade

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) enxerga também na reforma a oportunidade de as organizações que defendem a classe trabalho conversarem com o povo brasileira.

“Quando falávamos do golpe, parecia uma coisa abstrata e agora o golpe está batendo na porta das pessoas. As exigências que estão sendo colocadas são para destruir a Previdência brasileira, destruir o que conquistamos em 88, sistema de seguridade social que o país tem. Temos condições de derrotar essa proposta”, afirmou.

Segundo o parlamentar, a luta em defesa dos direitos dos brasileiros é a maior contribuição que o povo pode dar para construir o terreno rumo ao retorno do presidente Lula, homenageado por todas as lideranças.

“O presidente está numa solitária, não fala com ninguém nem no banho de sol, mas a gente chega lá e encontra o Lula cheio de energia, de esperança, um Lula que não perde a fé no Brasil. Não há como conquistar uma vida melhor sem a luta. O primeiro recado que ele nos dá é que se está de cabeça erguida é por conta da força do nosso povo. O segundo é que está voltando. Mas, enquanto isso, é bom sabermos que não há como conquistar vida digna e melhor sem luta e organização. Que a gente saia daqui mais forte e determinados”, referendou.

O primeiro congresso com paridade

Durante o primeiro congresso em que a paridade passou a ser critério para definição dos cargos na direção, a coordenadora da região Sul da Contracs, Mara Feltes, tratou da responsabilidade de levar a luta às bases diante do esforço empregado para realização do encontro num período de ataque aos sindicatos.

“Fazer esse congresso foi muito desafiador. Ficamos em dúvida se deveríamos realizar algo apequenado ou que mostrasse a magnitude do nosso ramo e a grandeza dos trabalhadores que representamos. Decidimos, então, ousar e fazer o maior que pudéssemos e chegamos a 70% do congresso passado. Outro desafio foi garantir que os delegados pudessem chegar, sabemos que foi muito difícil para cada um, exigiu muito esforço das confederações, federações e dos sindicato. Todo esse esforço não pode ser colocado de lado, o nosso plano de lutas precisar chegar aos locais de trabalho para garantir que o que foi definido, seja aplicado”, definiu.

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