Força para levar pessoas às ruas ele até tem, entretanto, isso está muito longe de ser decisivo nas urnas.
Na última quarta-feira, 7 de setembro, data em que se comemora a Independência do Brasil, assistimos as ruas de Brasília, Rio de janeiro e Sã Paulo, serem tomadas por manifestantes a favor de Bolsonaro. Mas, diferente do que se espera de um país democrático, as manifestações tiveram cunho golpista, como ocorreu no ano passado, e isso ficou claro nas faixas carregadas por aqueles que participaram.
“Queremos a destituição dos ministros do STF”, “Presidente, acione as forças armadas para as eleições”, “Pr. Intervenha no judiciário”, eram alguns dos dizeres espalhados pelos cartazes.
Estimulados por Bolsonaro, os atos tiveram como objetivo mostrar sua força política e conquistar votos. Isso em um momento que as pesquisas eleitorais mostram que a possibilidade de sua reeleição está cada vez mais distante, já que Lula lidera em todos os cenários, com chances, inclusive, de ser eleito no primeiro turno.
Mas não se engane. Força para levar pessoas às ruas ele até tem, entretanto, isso está muito longe de ser decisivo nas urnas. Ainda mais em um país que tem mais de 156 milhões de eleitores aptos a votar neste pleito. É quase como um grão de areia perdido no espaço.
O que também chamou a atenção, especialmente em Brasília, foi o uso do dinheiro público para fazer comício. Bolsonaro aproveitou as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, com os tradicionais desfiles na Esplanada dos Ministérios, e realizou um ato eleitoral, prática que repercutiu negativamente na imprensa internacional.
Outro ponto que deve ser destacado desse horrendo 7 de setembro é o assalto da data e das cores da nossa bandeira, que se tornaram símbolo do fascismo a ponto de muitos brasileiros sentirem vergonha de usar uma camiseta com a estampa do Brasil. Como uma data tão importante para história do nosso país, foi sequestrada e hoje é usada para a segregação e promoção do golpe?
No geral, o 7 de setembro deste ano foi bem parecido com as ações que ocorreram em 2021: Bolsonaro querendo mostrar força política e ataques às instituições democráticas. As mesmas baboseiras ditas às mesmas pessoas. No entanto, em 2022, vimos um público menor em relação ao ano anterior, e tivemos o presidente tentando vangloriar sua virilidade. “Imbrochável, imbrochável, imbrochável”, foi o coro puxado pelo chefe do Executivo.
Para além de ataques e falas golpistas, as manifestações tiveram também um tom de despedida, já que essa pode ser a última vez em que o 7 de setembro é sequestrado pelo fascismo e que o Brasil é visto como chacota. Ao que tudo indica, em 2023, teremos um 7 de setembro como de fato deve ser: do povo, com o povo, comemorando a grandeza do Brasil. Como Lula costuma dizer, o Brasil precisa de amor, não de ódio.