sábado, outubro 5, 2024

O bolsonarismo como uma nova religião

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Desde muito tempo nota-se como a religião tem dominado os debates políticos no Brasil

Longe do amor fraternal pregado por Jesus, uma versão piorada de preceito religioso tem tomado – ainda mais – conta dos seguidores do atual presidente, e candidato à reeleição, de forma quase que hipnótica. Os ensinamentos de compaixão, de união e amorincondicional, deram lugar a um discurso de ódio, segregador e punitivo, que em nada lembra as religiões cristãs que valorizam a vida e o perdão.

Alicerçada em fake News, a nova doutrina ataca quem diverge de suas ideias e padres, pastores, irmãos de fé e toda sorte de desavisados são vitimados todos os dias. Ninguém tem sido poupado. E, se antes, os ataques se restringiam às redes sociais, agora, extrapassaram o mundo virtual e causam danos também no mundo “real”.

Um dos casos mais repulsivos ocorreu na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida ─ a padroeira do Brasil ─, no último dia 12 de outubro, data que marca a consagração da santa. Historicamente, no dia, é comum que fiéis se reúnam na Catedral para orações e preces. Neste ano, porém, o inominável capitão reformado decidiu participar da celebração, levando consigo um grupo de fanáticos. Mas não se engane, sua intenção ali em nada tinha a ver com fé. Era apenas eleitoreira, como quase todas as suas ações.

Pois bem, o que era para ser um dia de celebração, foi marcado por confusão. Bolsonaristas, agarrados à bandeira do Brasil ─ símbolo sequestrado pelo movimento ─ agrediram funcionários da TV Aparecida, e causaram empurra-empurra no local. Um padre, que discursava contra a fome, sem ao menos citar nomes dos responsáveis por tal situação, foi vaiado. Vídeos que circulam na internet mostram que um homem vestindo a camisa da seleção brasileira estava com um copo de cerveja na mão dentro da Basílica. Um verdadeiros caos e demonstração de desrespeito à fé alheia.

Desse dia em diante, novos ataques a igrejas, a padres e pastores foram registrados pelo país. Agora, aqueles que pregam o amor, a união, e que se empenham para derrotar o ódio que tomou conta do nosso Brasil já não servem mais. Nas redes sociais, não faltam vídeos, áudios e imagens de perseguição aos que seguem a palavra de Deus e defendem um país alicerçado na compaixão e amor ao próximo. Segundo o bolsonarismo, esses – que não segregam – estão a serviço do diabo. Inúmeras são as denúncias de que na maioria das igrejas evangélicas aqueles que confessam o voto em Lula são ofendidos, coagidos a mudar o voto e, em muitos dos casos, impedidos de participar das celebrações.

Todos esses casos nos trazem uma reflexão de como a religião e a pauta conservadora têm sido usados como cabresto para angariar votos. Mas, o contrário do que muitos pensam, esses eventos não são novos. Desde muito tempo nota-se como a religião tem dominado os debates políticos no Brasil. No pleito de 2018, por exemplo, do lado de lá pouco se falou sobre os reais problemas da população, como a fome, o desemprego, a carestia e a desigualdade social. Enquanto Haddad, o então candidato à presidência pelo PT, priorizou esses temas, na campanha bolsonarista, o que valia era a postura ditadora de que a sociedade seria moldada a esses preceitos ditos morais.

E o mesmo tem se repetido nessas eleições. A medida em que Lula visita periferias para entender as demandas mais urgentes do povo, o inominável e sua corja seguem visitando igrejas e levando a discórdia para os templos. Já não clamam mais por Deus, mas por uma “guerra santa”. E se haverá mortos, famintos e ampliação da desigualdade? Pouco importa.

Por isso, nossa missão por um Brasil mais justo e igualitário não se restringe às urnas. Vencer o capitão em um processo eleitoral limpo e democrático é apenas o começo. Nossa luta se estenderá também às ruas. É preciso pôr um fim ao ódio, à separação. No final, o amor vencerá!

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

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