A fila de espera por um procedimento, na maioria cirurgias, no SUS tem 1 milhão 102 mil e 146 pessoas. A responsabilidade é do governo Bolsonaro, diz secretária da Saúde do Trabalhador da CUT
A gestão desastrosa de Jair Bolsonaro (PL) em todas as áreas tem sido escancarada pela equipe de transição do presidente eleito, Lula (PT). Diariamente, os técnicos apontam as mazelas cometidas pelo atual presidente, e uma das áreas que mais afeta a população é a má-gestão da saúde. Além disso, os bloqueios de R$ 3,8 bilhões prejudicam o atendimento de doentes e até mesmo dos que gostariam de fazer exames de prevenção rotineiros.
Segundo a equipe de transição de Lula, há falta de dados oficiais na área da saúde, como por exemplo a fila do Sistema Único de Saúde (SUS,) o estoque de vacinas, especialmente às de Covid-19 e muito menos planos de ação para combater a pandemia e para melhorar os índices de vacinação infantil.
Enquanto o Ministério da Saúde não fornece os dados oficiais, quem está levantando a consequências das mazelas do atual governo são pesquisadores como os da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que diagnosticaram haver um atraso de 1 milhão 102 mil e 146 procedimentos médicos no SUS, entre os anos de 2020 e 2022.
Fila de espera para cirurgias
A pesquisa, que buscava entender qual teria sido o impacto da pandemia na saúde pública do país, concluiu que dentre os procedimentos com maior déficit destacam-se: cirurgia do aparelho digestivo, órgãos anexos e parede abdominal, cirurgia do aparelho geniturinário, cirurgia do aparelho circulatório, cirurgia das vias aéreas superiores, da face, da cabeça e do pescoço e tratamento em nefrologia. As consultas médicas regulares e especializadas também foram bastantes afetadas.
“Algumas regiões do país apresentam déficit considerável de atendimentos clínicos e procedimentos cirúrgicos que podem evoluir com complicações. Além disso, a demanda reprimida nos exames e diagnósticos representam problemas para agravamento de condições clínicas não atendidas a tempo”, afirma em nota a Fiocruz. Confira aqui.
A responsabilidade do atraso nos procedimentos médicos vai muito além da pandemia, a responsabilidade é do atual presidente Jair Bolsonaro, afirma a secretária da Saúde do Trabalhador da CUT Nacional, Madalena Margarida da Silva.
“A forma como o governo conduziu as políticas de saúde na pandemia evidenciou todas as fragilidades que existem no SUS, que só não foi um desastre completo, pela bravura e resistência dos trabalhadores e trabalhadoras na área da saúde que assumiram para si a responsabilidade de atender os doentes”, afirma Madalena.
A dirigente ressalta que os procedimentos represados são de responsabilidade do Estado, que não deu uma resposta adequada ao direito à saúde garantido pela Constituição brasileira.
“A Covid resiste, isto é um fato que impactou não só o Brasil, mas o mundo inteiro. Porém a forma negligente que o governo brasileiro tratou as questões relacionadas à saúde inviabilizou muitos procedimentos e tratamentos que já deveriam ter sido realizados”, diz Madalena.
Confira no quadro a lista de procedimentos em atrasos, segundo a Fiocruz.
Metodologia da pesquisa da Fiocruz
Os estudos destacaram as dinâmicas dos 30 grupos de procedimentos listados no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS de 2014 até maio de 2022, que são os dados consolidados até o momento do estudo. Em seguida, foram comparados os volumes específicos dos anos marcados pela Covid-19 (2020, 2021 e 2022) em relação à média do período 2014-2019.