O nosso Estado Democrático de Direito urge por providências antes que situações mais graves aconteçam
Brasília, 12 de dezembro de 2022. Uma data que ficará marcada na história da política brasileira. Tanto pelo fortalecimento da democracia, com a diplomação do presidente Lula, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quanto pelo terrorismo que tomou conta das ruas de Brasília na noite daquele dia.
Carros e ônibus foram queimados, a sede nacional da Polícia Federal apedrejada, postos de gasolina saqueados, e a população amedrontada. Um verdadeiro cenário de filme de terror orquestrado pelos golpistas apoiadores de Bolsonaro e insuflado pelo próprio candidato derrotado.
Apesar de ter sido planejado e executado por um pequeno grupo, o terrorismo em Brasília foi mais uma tentativa de esfarelar a nossa democracia. E o que mais chamou a atenção nesse ato antidemocrático foi a atuação dos agentes da Segurança Pública do DF, sob gestão do governador bolsonarista Ibaneis Rocha. Mesmo com a cena de terror no centro da capital federal, quase nada foi feito para impedir e punir. Policiais até estiverem presentes no local das ações, mas era como se eles estivessem ali apenas por obrigação, por medo de perderem o emprego. Quase 72 horas depois, nenhum golpista foi preso.
É importante destacar que essa polícia que permitiu que os arruaceiros golpistas destruíssem patrimônios público e privado é a mesma que monta uma estrutura gigantesca, com cavalaria, e age de forma truculenta contra os movimentos de esquerda. A menor manifestação por direitos e dignidade para a população é motivo para agressões e, inclusive, prisões.
Outro ponto a ser destacado é que esse vandalismo em Brasília é apenas a ponta do iceberg do que pode ocorrer caso os golpistas não sejam devidamente punidos. Basta um pequeno giro por grupos de Telegram e WhatsApp, ou por outras redes sociais de bolsonaristas, para ver que o terrorismo é uma pauta bastante alimentada. “Agora é guerra”, “o Brasil vai pegar fogo”, “é liberdade ou morte”, são algumas das expressões usadas. Além de muitas postagens conterem, inclusive, ameaças contra a vida do presidente eleito e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Desde que Lula derrotou Bolsonaro nas urnas, bolsonaristas, com anseios golpistas, têm tocado o terror Brasil afora. BRs interditadas, interrupção do direito de ir e vir e toda sorte de manifestações terroristas e golpistas. Ironicamente, os protestos pedem a intervenção militar, que justamente, cerceia manifestações de qualquer natureza.
Eles não podem ficar impunes. É hora de identificar e penalizar os envolvidos. A todos. Organizadores, vândalos, incentivadores, financiadores e até mesmo às instituições que foram omissas. E, principalmente, o candidato derrotado que, desde que perdeu nas urnas, abandonou suas obrigações como mandatário do país e se jogou num vitimismo vergonhoso.
Em terra de democracia, terrorismo e golpismo não podem mais ter vez. O nosso Estado Democrático de Direito urge por providências antes que situações mais graves aconteçam.
Por* Julimar Roberto, comerciário e presidente da Contracs-CUT