quinta-feira, março 28, 2024

Ações e atitudes do governo Bolsonaro contribuíram para as 700 mil mortes por Covid

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Relatório final da equipe de transição de Lula alerta para a “grave crise sanitária” resultante das ações e atitudes do governo Bolsonaro durante pandemia de Covid-19, que tem saldo de 700 mil mortes

O relatório final da equipe de transição do presidente eleito e já diplomado, Lula (PT), alerta para a crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus e agravada pelas ações e atitudes do governo de Jair Bolsonaro (PL) que, além da má gestão da pasta que teve quatro ministro, um deles um general do Exército especialista em logística, sofreu com cortes de verbas durante os últimos quatro anos. Esse é o desafio do novo governo, em especial da nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, confirmada nesta quinta (22) para a Pasta vai ter de administrar.

Com 2,7% da população mundial, o Brasil registra 12,4% das vítimas fatais da Covid-19 do mundo, resume o relatório da equipe de transição.

“A primeira constatação na área de saúde é que o país ainda convive com uma grave crise sanitária”, alertam os técnicos.

“Além das quase 700 mil mortes pela Covid-19, a pandemia exacerbou o quadro de deterioração da saúde, na contramão de melhorias substantivas que estavam em curso no país, com base na Constituição de 1998, a qual definiu a saúde como direito universal e possibilitou a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) para a sua efetivação”, diz trecho do texto.

Piora de indicadores

O relatório observa que a piora nos indicadores da área da saúde começou em 2016, ano do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT), quando assumiu o posto o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e tiveram início os retrocessos em diversas áreas que foram aprofundados pelo governo Bolsonaro.

Resultado da má gestão é o caos na saúde

O relatório da transição alerta para pelo menos cinco problemas graves na área da saúde:

1) redução da taxa de coberturas vacinais, com alto risco de reintrodução de doenças como a poliomielite;

2) queda acentuada de consultas, cirurgias, procedimentos diagnósticos e terapêuticos realizados pelo SUS, na atenção básica, especializada e hospitalar, atrasando o início do tratamento de doenças crônicas, tais como cânceres e doenças cardiovasculares, entre outras;

3) retorno de internações por desnutrição infantil provocadas pela fome;

4) estagnação na trajetória de queda da mortalidade infantil; e,

5) aumento de mortes maternas”.

De 2018 a 2022, o relatório estima que as perdas do Sistema Único de Saúde (SUS) chegaram a quase R$ 60 bilhões, descontando-se os gastos autorizados por Medida Provisória (MP) relacionados à Covid-19.

Para 2023, a desorganização provocada pela proposta orçamentária – que levou o governo a propor a PEC da Transição para recompor gastos – compromete a continuidade de programas como o Farmácia Popular, o Mais Médicos/ Médicos pelo Brasil, e o programa de Saúde Indígena.

“Nesse sentido, é premente um esforço concentrado nacional para reduzir as filas de espera para diagnósticos e tratamentos de doenças cardiovasculares, cânceres, cirurgias de baixa e média complexidade, todas muito afetadas pela pandemia”, prega o relatório. “Também é importante conferir prioridade à recuperação das áreas de Saúde Mental, da Mulher, da Criança e do Adolescente, da população indígena, bem como a adoção de uma diretriz antirracista na política nacional de saúde no Brasil”.

4 ministros da Saúde e a pior gestão da pasta da história do país

O governo que se despede em 31 de dezembro teve quatro ministros da Saúde e nenhum deles fez uma gestão, no mínimo, razoável, sendo que dois deles, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, saíram por divergências com Bolsonaro e seu discurso negacionista.

Teich ficou menos de 40 dias no cargo. Com seu pedido de exoneração, em maio de 2020, no auge da pandemia, o general da ativa Eduardo Pazuello assumiu a pasta, onde ficou até 15 de março de 2021.

Pazuelo, segundo o currículo, é especialista em logística, mas nem essa ‘especialização’ ele usou na hora de resolver problemas como a falta de oxigênio em Manaus que matou dezenas de pessoas asfixiadas, em janeiro de 2021. Entre o momento em que foi avisado que faltaria oxigênio para os pacientes de Covid com falta de ar e a entrega do produto se passaram dias.

O cardiologista Marcelo Queiroga, que entrou no lugar do general também não mostrou aptidão para gerir o ministério. Queiroga foi um ‘Pazuello de jaleco’, disseram especialistas sobre o desempenho do um cardiologista que presidiu a sociedade nacional da categoria.

A ciência volta ao comando da Saúde

Nísia Trindade, a primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde, foi também a primeira presidenta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em seus 120 anos de existência. Cientista social com mestrado em ciência política e doutorado em sociologia, ela assumiu o cargo mais alto da fundação em 2017, após ser a mais votada da lista tríplice. Foi reeleita em 2020 para outros quatro anos de um segundo mandato, que iria até 2024.

Durante a pandemia de Covid-19, Nísia liderou  iniciativas essenciais para o enfrentamento da pandemia, como a produção de milhões de testes diagnósticos de coronavírus e a parceria com a Universidade de Oxford e a farmacêutica Astrazeneca para a produção da vacina inglesa no Brasil com ingrediente farmacêutica ativo (IFA) importado.

Ela também criou o Observatório Covid-19, rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos, além de monitorar e divulgar informações para subsidiar políticas públicas contra o coronavírus e seus impactos sociais. Em dezembro de 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na categoria ciências sociais.

Fonte: CUT Brasil

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