quinta-feira, novembro 21, 2024

Caso Americanas | O trabalhador não pode sair lesado

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É hora de fiscalizar, pressionar e acompanhar de perto esse caso, para que nenhum trabalhador seja lesado pela incompetência dos empresários

O escândalo que levou a Americanas a pedir recuperação judicial tem chamado a atenção ao expor a fragilidade do mercado privado. Mais que isso, tem mostrado que a ganância dos empresários fabricados pelo capitalismo — que tem como premissa a busca pelo lucro imediato —, pode trazer grandes prejuízos ao trabalhador, principal agente para o crescimento de uma companhia.

O andar da carruagem e algumas das declarações dadas pelos gestores da empresa indicam que a prioridade no momento é restaurar a Americanas. Não há menções quanto ao emprego dos mais de 40 mil trabalhadores em todo o Brasil. É como um retrato do naufrágio do filme Titanic: os mais ricos saem ilesos e os mais pobres afundam.

Pensando na proteção dos empregados, a Contracs-CUT a CUT, a UGT, a CTB, a Força, a CSB, a NCST e a CNTC vão à Justiça para que os direitos trabalhistas sejam devidamente pagos, no caso de demissões — o que é provável que aconteça. A ação visa ainda garantir que aquelas pessoas que têm processos trabalhistas contra a Americanas na Justiça do Trabalho não sejam lesadas com o pedido de recuperação judicial ou possível falência da companhia. São quase 17 mil ações em curso. O que as entidades sindicais defendem é que aqueles — empresários — que fizeram o rombo sejam obrigados a pagar todos os encargos financeiros ao conjunto dos trabalhadores.

Só que a irresponsabilidade do capitalismo pode ir mais além, e trazer prejuízos também para o sistema elétrico brasileiro. Isso mesmo! Mais que impactar a vida dos seus funcionários, o caso da Americanas pode ter impacto direito na sua conta de luz.

Isso porque a empresa 3G Radar, que é a maior acionista preferencialista da Eletrobras, tem como sócios ninguém mais, ninguém menos que Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, principais acionistas da Americanas. Logo, os mesmos empresários que fizeram um rombo gigantesco na empresa podem fazer também na nossa ex-estatal.

Os empregados da Eletrobras até divulgaram uma nota defendendo a saída da 3G da condução da maior empresa de eletricidade da América Latina. Entre outros pontos, o grupo destacou que, recentemente, o Conselho Administrativo da Eletrobras, influenciado pela 3G, aprovou uma nova política de recompra de ações e alterou sua política de pagamento de dividendos. Os funcionários ressaltaram também que Lemann, Telles e Sicupira atuam em prol de retornos a curto prazo, o que seria preocupante para sustentabilidade da empresa a longo prazo.

Diante dos riscos de apagão do setor elétrico, a Contracs/CUT, entidade sindical da qual sou presidente, se uniu a outras organizações da sociedade civil e engrossou o coro em defesa da reestatização imediata da Eletrobras, pois só colocando a empresa de volta nas mãos do Estado, poderemos livrá-la do mesmo destino que teve a Americanas.

E, mais que livrar a Eletrobras de um blackout, estaremos livrando ainda outros milhares de trabalhadores de serem prejudicados pela falta de humanidade do capitalismo.

É hora de fiscalizar, pressionar e acompanhar de perto esse caso, para que nenhum trabalhador seja lesado pela incompetência dos empresários.

Por* Julimar Roberto, comerciário e presidente da Contracs-CUT

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