sexta-feira, dezembro 6, 2024

Depois das Americanas, Ambev também é suspeita de rombo fiscal bilionário

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Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) acusa a Ambev de esconder dívida de R$ 30 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais

Depois do rombo de R$ 40 bilhões que colocou as Lojas Americanas à beira da bancarrota, a suspeita agora paira sobre a Ambev. A maior cervejaria da América Latina tem em comum com a rede de lojas a presença da 3G Capital, dos bilionários Jorge Paulo Lehmann, Beto Sucupira e Marcel Telles. A nova denúncia contra a Ambev partiu da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Conforme publicado na revista Veja, nesta quarta-feira (1º), o rombo estimado na companhia seria de R$ 30 bilhões, decorrentes de manobras tributárias por parte da gigante de bebidas.

A CervBrasil contratou a consultoria AC Lacerda, que identificou dívida bilionária em impostos federais, estaduais e municipais. A associação acusa a Ambev de inflacionar, intencionalmente, os preços dos componentes usados na produção de bebidas, passíveis de isenção e geração de créditos fiscais, na Zona Franca de Manaus.

De acordo com o diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni, pelo menos desde 2017 relatórios de fiscalização da Receita Federal apontam “bilhões e bilhões de ilícitos tributários cometidos pelos fabricantes de concentrados de refrigerantes na Zona Franca de Manaus”. Os balanços da Ambev, no entanto, não registram essas quantias devidas ao erário público.

A Ambev nega a acusação, pois se coloca entre as cinco maiores pagadoras de impostos no país. “Calculamos todos os nossos créditos tributários estritamente com base na lei. Nossas demonstrações financeiras cumprem com todas as regras regulatórias e contábeis, as quais incluem a transparência do contencioso tributário”, disse a companhia, em nota.

Credibilidade em crise

Escaldados com o escândalo das Americanas, no entanto, os investidores da Ambev acusaram o golpe. Perto do fechamento do pregão, as ações da Ambev caiam 3,59% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), após a divulgação do rombo. Em comparação, as ações das Americanas, cotadas a R$ 12 antes do anúncio do rombo, caíram quase 80% em um mês.

Antes vistos como “semideuses” do capitalismo brasileiro, Lehmann, Sucupira e Telles enfrentam uma grave crise de reputação. Além do ceticismo dos investidores individuais, o trio trava uma guerra judicial contra os maiores bancos do país. O Bradesco, por exemplo, afirma que a Americanas, controlada há décadas pelos bilionários, “foi palco para uma das maiores fraudes contábeis da iniciativa privada”. Nesse sentido, as instituições financeiras tentam barrar na Justiça o pedido de recuperação judicial das Americanas.

Em outra ponta, as principais centrais sindicais do país também entraram na Justiça para garantir os direitos dos mais de 44 mil trabalhadores do Grupo Americanas em todo o país. Na ação civil pública, pedem o bloqueio de R$ 1,53 bilhão das contas pessoais dos empresários. Além disso, pediram a intermediação do governo federal com o objetivo de colocar os empregos e os pagamentos de fornecedores na frente do sistema bancário – já que a cadeia envolve outra dezenas de milhares de empregos. A ação é urgente, pois a Lojas Americanas já começa a corter trabalhadores terceirizados, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.

“Falsificação”

De acordo com o executivo Jean Van de Walle, da Sycamore Capital, o rombo na Ambev, a “estrela da 3G Capital”, revela mais uma “falsificação”. “Parece que tudo foi engenharia financeira, alavancagem e habilidades de administração escassas”, disse ele, em postagem no LinkedIn.

Por outro lado, os bilionários da 3G Capital também são os principais beneficiários da privatização da Eletrobras. O processo, concluído pelo governo Bolsonaro em julho do ano passado, resultou em perdas para os cofres públicos de pelo menos R$ 63 bilhões, de acordo com relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).

Fonte: CUT Brasil

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