Por* Julimar Roberto
Desde que Lula ganhou as eleições em outubro de 2022, o mercado financeiro passou a reagir mal às suas declarações, que, em grande maioria, são falas políticas defendendo dignidade às brasileiras e aos brasileiros. O menor aceno ao povo já é motivo para insuflar o tal mercado e causar um reboliço nos veículos de comunicação.
“Mercado reage mal à fala de Lula”, “Mercado fica nervoso após discurso de Lula”, “Discurso de Lula afeta mercado”, essas são algumas das chamadas nos veículos. Chega a ser assustador o alvoroço dos comunicadores para tratar o tema.
Mas, se você parar para analisar as falas, verá que não há ataques a nenhuma instituição ou organização. São apenas posicionamentos de um político estadista que se elegeu tendo como principal compromisso restaurar o bem-estar da população brasileira, que muito perdeu nos últimos anos. E vale ressaltar que, para que os mais pobres tivessem sua vida tão deteriorada, outras pessoas (ou organizações) estavam lucrando rios e rios de dinheiro.
Lá em novembro, quando ocorria o processo de transição entre governos, Lula se comoveu ao lembrar que a fome voltou a assolar famílias pelo Brasil. “Por que as pessoas são levadas a sofrer por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país?”, disse, em meio às lágrimas.
Mais que depressa, o mercado reagiu. O dólar fechou em alta de mais de 4%, maior percentual para um dia, desde março de 2020. Nem quando golpistas, em ato terrorista, depredaram o Congresso e o Planalto, houve reação tão imediata. De lá pra cá nada mudou e qualquer fala de Lula que sinalize ajudar o povo é motivo para reação negativa do mercado.
O último episódio envolve o Banco Central, instituição financeira que tem conduzido uma política monetária com juros altíssimos, bastante prejudiciais ao Brasil. Lula, estadista como é, quer o fim da independência do BC, para assim, reduzir as taxas e dar uma guinada na economia. Novamente, o mercado, reage mal.
Mas afinal, quem é esse tal mercado que tanto falam?
O mercado é um ambiente composto por diversas instituições financeiras, como bancos, corretoras, financeiras e outras, onde ocorrem negociação de títulos, moedas, ações, derivativos e mercadorias ou ativos com valor financeiro ─ justamente aqueles que mais lucraram enquanto o país, sob o governo Bolsonaro, afundava no caos.
Isso só mostra que Lula está no caminho certo. O mercado não é um Deus soberano e não pode reger a política do nosso país. Elegemos Lula como presidente e a ele cabe as decisões mais importantes. Não há dúvidas de que o mercado já escolheu o seu lado e não é o do trabalhador, que carrega esse Brasil nas costas. É hora de confrontarmos esse modelo econômico que tanto nos assola.
Lula, manda ver! Nós autorizamos.
*Julimar Roberto é comerciário e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Ramo de Comércio e Serviços da CUT (Contracs-CUT)