150 trabalhadores trazidos de outros estados pelos chamados “gatos”, com promessas de empregos para trabalharem na obra do ‘Projeto Cerrado’, da Suzano, a maior fábrica de celulose do mundo, no município de Ribas do Rio Pardo (MS), foram abandonados à própria sorte num hotel da capital, Campo Grande.
O abandono dos trabalhadores foi feito pela empresa de Engenharia ENESA , que é uma das contratadas da Suzano Celulose para a construção de um polo industrial privado de transformação de eucalipto em papel, o “Projeto Cerrado”. O canteiro da obra é composto por cerca de 30 empresas de médio e grande portes e conta com cerca de 10 mil trabalhadores. A ENESA é responsável por 3.500 trabalhadores no local.
A denúncia do completo abandono dos trabalhadores foi recebida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada (SINTICOP-MS) nessa quinta-feira (11). Segundos os trabalhadores, a ENESA Engenharia é quem contrata esses “gatos” para recrutá-los nos seus estados de origem, na maioria deles da região Nordeste, e depois são largados em Mato Grosso do Sul, sem emprego e na volta dão uma quantia de dinheiro que apenas dá condições de retorno de ônibus e dependendo da distância não dá nem para a alimentação.
Eles receberam a passagem aérea, com promessas de empregos com salários acima de R$ 3.000 e quando chegam em Mato Grosso do Sul, especificamente no município de Ribas do Rio Pardo, encontram outra realidade: salários menores e muitos deles nem o sonhado emprego prometido.
“Assim que recebemos a denúncia o nosso departamento jurídico acionou os Auditores-Fiscais do Ministério do Trabalho, que já marcaram uma audiência para esta sexta-feira [12] às 15 horas. A empresa foi notificada e nossa intenção é que ela arque com todas as despesas e logística para que esses trabalhadores voltem aos seus estados de origem”, conta o presidente do SINTICOP-MS, Walter Vieira dos Santos.
Processo de seleção
Esses trabalhadores fizeram o cadastramento para a vaga de emprego por um aplicativo virtual oferecido nos seus estados de origem. Foram mais de cinco de dias de seleção para a admissão e a maioria deles está há mais de 15 dias aguardando a entrevista de emprego, em discordância do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria que prevê apenas cinco dias de seleção.
Segundo o presidente do SINTICOP-MS, “a melhor solução seria a que a seleção dos trabalhadores fosse em seu estado de origem, e o deslocamento deveria ser feito somente após a garantia de emprego”.
A má fé da ENESA Engenharia de expectativa de admissão de emprego pode ser condenada, caso o ato seja comprovado, à indenização por dano moral por expectativa de contratação frustrada, por considerar a conduta da empresa ofensiva ao dever de lealdade e boa-fé.
Da Redação da CUT com informações do SINTICOP-MS