Unificar as lutas populares no mundo contra a desigualdade social é a única forma de criar um mundo mais justo e mais humano. Esta foi a afirmação feita por Fred M’membe, presidente do Partido Socialista da Zâmbia, durante encontro com sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) nesta segunda-feira (10).
O encontro ocorreu na sede da Central, no centro da capital paulista. Entre outros assuntos, as lideranças políticas e sindicais falaram sobre o contexto geopolítico da Zâmbia, as interferências do imperialismo norte-americano no continente africano, as eleições no país que ocorrerão em 2026, assim como alianças com o Brasil e formas de resistência popular.
O território da Zâmbia, no centro-sul do continente africano, tem uma das economias mais frágeis do mundo. De acordo M’membe, a agricultura compõe cerca de 80% da economia. Na produção destacam-se o algodão, a soja, o tabaco e a mineração, principalmente o cobre.
“Somos um dos países mais pobres do mundo e com muitos problemas. Não podemos esquecer que a Zâmbia foi colonizada primeiro por uma empresa particular, antes da interferência britânica”, disse.
Segundo M’membe, que sairá candidato à presidência da Zâmbia nas próximas eleições, construir alianças com outros países fortalecerá a construção de um governo popular.
“A humanidade enfrenta três desafios que são a questão ambiental, o aumento da pobreza junto com o crescimento da desigualdade e o aumento do desemprego no mundo. Isso não ajuda a humanidade a viver em condições dignas. Apesar do aumento da tecnologia, essas questões se aprofundam cada vez mais”, disse.
Para ele, a nova onda econômica mundial dominada pelo capitalismo não irá resolver esses problemas.
“Uma nova ordem mundial é requerida e necessária. A humanidade precisa se organizar de uma forma mais racional ou então todos os problemas vão se aprofundar. Para a Zâmbia, um país pobre do terceiro mundo, esses desafios são ainda maiores. Temos uma população de 19 milhões de pessoas, mas 51 % moram nas áreas rurais onde o índice de pobreza alcança 61%. Temos uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo, uma das maiores taxas de mortalidade materna e nos próximos 15 anos uma taxa de crescimento de 2,5%, ou seja, a nossa população irá dobrar. Como teremos habitações para todos, de onde virá comida para toda essa gente, como os sistema de saúde, educação, transporte e saneamento vão funcionar?”, questionou.
Presidente da CUT Brasil, Sérgio Nobre falou sobre a importância do apoio internacional e de novas alianças.
“Um exemplo de solidariedade recente se deu com apoio de companheiros da Zâmbia durante a eleição que levou Lula à presidência da República. O momento de conjuntura internacional nos leva a fortalecer ainda mais esses laços e Zâmbia pode contar com nosso apoio”, falou.
Secretário de Relações Internacionais da CUT Brasil, Antonio Lisboa, destacou a importância da Zâmbia até mesmo pela posição estratégica dentro do continente.
O dirigente lembrou também que o continente africano tem passado nas últimas décadas por um processo de desenvolvimento, de crescimento econômico e de disputa pelas riquezas dos diversos países da África.
“A participação do movimento sindical brasileiro, da CUT, é construir alianças com o movimento sindical como um todo, para que as organizações possam também continuar avançando na luta da classe trabalhadora e, ao mesmo tempo, melhorar a vida da população. Temos um compromisso com a Zâmbia e com o continente africano com um todo que é de solidariedade, mas também é um compromisso histórico tendo em vista que a nossa formação cultural tem tudo a ver com a luta do povo africano”, concluiu.
Além de Nobre e Lisboa, participaram do encontro Renato Zulato e Daniel Calazans, dirigentes sindicais da CUT-SP que representam os ramos metalúrgico e químico. As lideranças paulistas também declararam seu apoio aos representantes da Zâmbia que estão em viagem pelo Brasil.
Redação da CUT