sexta-feira, outubro 4, 2024

Violência contra indígenas no Pará faz mais quatro vítimas

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Em plena Cúpula da Amazônia, com a presença de representantes de entidades e governos de vários países, mais um episódio de violência praticada por latifundiários na região Norte do país reforça a luta dos povos originários por suas terras e contra a violência.

Na manhã desta segunda-feira (7), três indígenas da tribo Turé Mariquita foram atingidos por tiros em Tomé Acú, no Pará. As vítimas sobreviveram. Segundo relatos da própria comunidade, os agressores são pistoleiros da Brasil Bio Fuel (BBF), multinacional especializada em produzir óleo de dendê na região.

O fato ocorreu enquanto uma comissão especial do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), da qual a CUT faz parte, se dirigia ao local para ouvir os indígenas sobre um outro episódio de agressão, na última sexta-feira (4), quando o filho do cacique da tribo também foi baleado por pistoleiros. O tiro atingiu as costas do rapaz.

“No sábado os indígenas fizeram um protesto na porta da BBF. O tiroteio desta segunda-feira , na própria tribo, foi uma retaliação por causa disso”, explica Virginia Berriel, diretora executiva da CUT, que representa a Central no CNDH e faz parte da Comissão que visitou o local.

A dirigente conta que ao chegar em Tomé Açú, a rodovia havia sido interditada pelos indígenas como mais uma forma de protestar contra a violência e a invasão de terras pela empresa. “Eles atacam os indígenas o tempo todo para invadir as terras. Esse é o modo de eles operarem, violando os direitos dos indígenas”, contaram a Virgínia Berriel.

Além da agressão, Felipe Tembé, o filho do cacique, baleado na sexta-feira, foi tirado do hospital onde estava internado pela Polícia Militar e levado algemado à Polícia Civil de Castanhal, município próximo a Tomé Açú onde permanece preso.

“É um absurdo. Felipe é a vítima. Por que a PM defende os criminosos. É muito estranho”, questiona a dirigente da CUT.

Tensão

De acordo com os representantes do CNDH no local, o clima é de tensão. A PM está no local ‘armada até os dentes’ e os indígenas temem por sua segurança. “A situação é complicada e só não aconteceu algo pior porque nós, do conselho estamos aqui para garantir a segurança e os direitos dos indígenas. Mas, poderia ter virado um banho de sangue se não viéssemos”, diz Virgínia.

Ação do CNDH

A comissão que acompanha o caso já fez, por meio do próprio CNDH, contato com o ministro da Justiça, Flavio Dino, pedindo providências. “Exigimos que tragam o Felipe e que não retaliem essas pessoas nesta manifestação, que é legitima. Enquanto estivermos aqui, vamos protegê-los, mas precisamos garantir a segurança desses indígenas e medidas em relação à PM e à Polícia Civil.

A comissão que tem também representantes do MPT e da ONU no local, de acordo com Virginia Berriel, fará um relatório ao CNDH para que exija tais medidas.

Redação da CUT

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