O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, participou nessa quinta-feira (11) da abertura do 11º Congresso Estadual da CUT-RJ (CECUT) e elencou o que julga serem as prioridades para o movimento sindical no próximo período.
Segundo ele, a Central, que completa 40 anos em 2023, tem a missão de, assim como fez quando surgiu, reorganizar a luta da classe trabalhadora.
“Nosso modelo de atuação foi criado há 40 anos para representar quem tinha carteira assinada, quem era concursado e hoje metade não está nessa condição. Precisamos trazer esse povo para dentro da organização sindical”, apontou.
Sérgio Nobre lembrou das dificuldades vividas pelos sindicatos durante a pandemia e o papel fundamental que tiveram junto à população como pontos de apoio para arrecadação de alimentos, material de higiene e de orientação, além da defesa do auxílio emergencial de R$ 600, três vezes mais do que o governo do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL) queria propor.
O presidente destacou também que a CUT tem como pauta permanente a luta pelo acesso dos trabalhadores e trabalhadoras à saúde e educação pública e de qualidade e sublinhou a importância da manutenção da democracia para que isso aconteça.
“Ganhamos as eleições, mas foi um processo muito apertado. A direita, que perdeu, não vai esquecer e quer voltar, fizeram governos importantes no Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e aqui no Rio de Janeiro e primeira batalha será ano que vem – referindo-se às eleições municipais. Precisamos ampliar nossa votação e criar condições para eleger presidente lula em 2026”, lembrou.
Juros precisam cair
Também presente na abertura do encontro, a vice-presidenta da CUT, Juvândia Moreira, lembrou das políticas privatistas de Bolsonaro e dos cortes de investimento feitos nas áreas de educação e ciência.
Ela avaliou que os CECUTs e o 14º Congresso Nacional da CUT (CONCUT) acontecem num período de reconstrução que está em disputa por diversas forças, entre as quais, a classe trabalhadora. Parte desse embate, falou, atualmente se dá na definição da política econômica que afeta inclusive o emprego.
“Descasaram mandatos da diretoria do Banco Central com os de governo e quem entrou para a presidência, o Campos Neto, que serve ao mercado financeiro e veio dele, serve ao rentismo, que ganhou mais de R$ 700 bilhões com juros da dívida com juros altíssimos, em 2022”, diz a dirigente reforçando que se trata de dinheiro público – “nosso dinheiro”.
A dirigente prosseguiu reforçando que “mesmo com a queda inflação, derrubaram [o BC] só meio por cento, que é importante, mas pouco”.
“A geração de emprego só vem se o BC derrubar as taxas de juros, para que haja crédito para todo mundo. À assim que serão gerados empregos de qualidade e desenvolvimento que não destrua meio-ambiente, outro grande desafio”, pontuou.
Outras frentes
Ainda durante o debate a mesa de abertura de análise de conjuntura, o advogado Maximiliano Garcez falou sobre as políticas públicas internacionais no combate à poluição e ressaltou que o pobre paga pela poluição que não é causada por ele e que o meio não o beneficia.
Historiadora de causas de gênero e raciais, Wânia Sant’Anna, falou sobre a organização da classe trabalhadora e ressaltou que há muito a avançar em relação à desigualdade de gênero e racial no mercado de trabalho.
“Ser uma sociedade racista, com certeza, ajuda construir uma sociedade fascista. É um passo”, disse.
Economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mauro Osório, apontou que o estado está escasso de empregos com carteira assinada e vive uma crise política. Segundo dados apresentados por ele, mais de 400 mil empregos de carteira assinada foram perdidos.
Redação da CUT