Pandemia, ascensão do conservadorismo, golpe contra os direitos humanos e trabalhistas. No final do especial de 40 anos da CUT sobre a luta da classe trabalhadora ao longo das últimas décadas, destacamos um dos períodos mais difíceis do país.
Enquanto a Central avançava em democracia, com a conquista da paridade entre homens e mulheres na Executiva Nacional e nas Direções Estaduais, adotada após o 12º Congresso Nacional da CUT, em 2015, o Brasil caminhava para um golpe.
Em 2016, uma ação articulada por setores conservadores e com apoio da extrema direita contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), derrubou a primeira mulher a ocupar o mais alto posto político do país e levou ao poder o então vice-presidente, Michel Temer (MDB).
Logo no primeiro ano após o impeachment, em 2017, o golpista aprovou a terceirização sem limites e reforma trabalhista, que retiraram cerca de 100 direitos contidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com a falsa promessa de criar 6 milhões de novos empregos, o que nunca se concretizou.
Mesmo com a tentativa de sangrar o movimento sindical, com o fim da contribuição anual de trabalhadores e trabalhadoras, sem que qualquer forma de financiamento fosse discutida, a CUT não deixou de ir às ruas.
Entre 2016 e 2018, a maior central sindical do país liderou mobilizações paralisações nacionais e conseguiu adiar a reforma da Previdência, que só foi aprovada em 2019, com a eleição de Jair Bolsonaro (PL) e de um Congresso Nacional conservador e antitrabalhador. Ainda assim, a luta do movimento sindical conseguiu evitar que o retrocesso fosse ainda maior e que destruísse completamente os benefícios e a aposentadoria pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Mas o desafio estava prestes a aumentar. Em 2018, o circo armado pela Operação Lava Jato, que seria completamente desmoralizada anos depois, levou à prisão por 580 dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ajudou a eleger o agora inelegível Jair Bolsonaro (PL).
Com o mais forte candidato à presidência da República à prisão, os crimes contra a democracia se tornaram rotineiros. Não bastasse a crise econômica pela qual o país à deriva passava, os casos de corrupção e os ataques às mulheres, negros, negras, população LGBTQIA+ e à classe trabalhadora, a pandemia de Covid-19 tornou a situação econômica e social do país praticamente insuportável.
Bolsonaro se recusava a preservar vidas, lutou contra o isolamento social, boicotou a distribuição de vacinas e foi crucial para a morte de mais de 700 mil pessoas, vítimas da doença.
Na contramão, o movimento sindical CUTista se mobilizou em frentes de solidariedade e contra a fome para doação de suprimentos como roupas e alimentos e foi fundamental para alcançar o auxílio emergencial de R$ 600, três vezes maior do que o governo Bolsonaro queria oferecer, de apenas R$ 200.
Com o lançamento das brigadas digitais, em 2021, ferramenta de formação, organização e comunicação, a Central combateu as mentiras ditas por Bolsonaro e ajudou a avançar em conquistas como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundeb).
Em 2022, em uma das eleições mais disputadas da história, a CUT estava lá defendendo um projeto de recuperação da democracia e dos direitos trabalhistas. Mais uma vez, a esperança, ou o fim dela, estava em jogo e novamente Lula, um trabalhador, foi eleito pela terceira vez para governar o país.
Chegamos ao fim desse especial, mas a maior central sindical da América Latina segue a escrever a história de organização da classe trabalhadora, que vai muito além da luta no ambiente de trabalho.
O mercado de trabalho mudou e é preciso mudar com ele para unir os movimentos sindical e social em defesa de direitos. Da mesma forma é fundamental consolidar a democracia e ampliar direitos.
Enquanto houver trabalho, trabalhadores e trabalhadoras, a CUT seguirá a fazer história.
Redação da CUT