quinta-feira, novembro 21, 2024

Saúde mental do trabalhador depende da articulação entre sindicatos e poder público

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Atingidas e atingidos por barragens, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), tomarão as ruas de Belo Horizonte nesta terça-feira, 26 de setembro, para reivindicar participação na repactuação no processo da Bacia do Vale do Rio Doce.

Além de pressionar o governo federal, parlamentares e os órgãos da Justição para a garantia de voz e poder de decisão na reparação, o Movimento dos Atingidos por Barragens também se soma às mobilizações contra a postura autoritária de Romeu Zema, que quer retirar dos mineiros o direito de decidir sobre o futuro da Cemig, Copasa e Gasmig.

Atingidas e atingidos por barragens vivenciam na pela as consequências do silenciamento contra o povo, praticado pelo governador, durante o acordo de Brumadinho. E não deixarão isso se repetir com as estatais e nem com a Bacia do Rio Doce. Na mobilização também se somam os atingidos da Bacia do Paraopeba, que em batalha contra a morosidade do pagamento de suas reparações, estão em luta pela execução coletiva das indenizações individuais.

Nesta terça-feira (26), será lançada, presencialmente em Belo Horizonte, a campanha “Revida Mariana”, uma ação de denúncia contra a impunidade do crime sócio-ambiental praticado pela Vale, Samarco e BHP Billiton e de cobrança das mineradoras, no Brasil e no mundo, para que garantam compensação justa e reparação integral.

Está programada, na capital mineira, a mobilização “Atingidos e Atingidas de Minas Gerais e Espírito Santos em Luta”. Às 9h30, acontece audiência pública na Assembleia Legislativa e ato político em defesa das estatais. Às 10 horas, estão programados ato e reunião na 2ª Vara da Fazenda Estadual, à Avenida Raja Gabaglia, 1.753. Às 12 horas, será lançada na ALMG a campanha “Revida Mariana”. Às 15 horas, acontecem ato e reunião no Tribunal Regional Federal da 6ª Região/TRF 6.

A campanha “ Revida Mariana ” foi lançada no dia 14 de setembro, no Congresso Nacional, em Brasília, pelo MAB, em busca de justiça para as famílias atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana (MG), na Bacia do Rio Doce. A ação cobra mais agilidade da Justiça na reparação ás vítimas do crime ambiental que há oito anos destruiu comunidades inteiras entre Minas Gerais e Espírito Santos, causando 19 mortes. A campanha terá ainda uma série de ações em Minas Gerais, no Espírito Santo e na Bahia, estados que foram os mais atingidos pelo mar de lama provocado pelo rompimento da barragem.

Está programada, na capital mineira, a mobilização “Atingidos e Atingidas de Minas Gerais e Espírito Santos em Luta”. Às 9h30, acontece audiência pública na Assembleia Legislativa e ato político em defesa das estatais. Às 10 horas, estão programados ato e reunião na 2ª Vara da Fazenda Estadual, à Avenida Raja Gabaglia, 1.753. Às 12 horas, será lançada na ALMG a campanha “Revida Mariana”. Às 15 horas, acontecem ato e reunião no Tribunal Regional Federal da 6ª Região/TRF 6.

Lançamento internacional

Vozes que não querem se calar: “Revida Mariana – justiça para limpar essa lama”.  Na última quarta-feira (20), a campanha assinada pelo MAB e mais de 100 instituições nacionais e internacionais foi lançada no I Encontro Internacional de Energias Comunitárias, em Bogotá, capital da Colômbia.

Entre os dias 18 a 20 de setembro, 400 pessoas de 15 países do continente americano se reuniram na Universidade Nacional da Colômbia para participar do encontro que colocou no centro dos debates a realidade de populações atingidas por barragens, mineração e outros grandes empreendimentos. “Foi um momento de muita troca de informações e experiências entre atingidos/as de diversos países, com suas vivências sociais, ambientais e financeiras trágicas, a exemplo dos crimes de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais”, afirma Letícia Oliveira, coordenadora do MAB que participou do encontro.

O lançamento da Campanha “Revida Mariana” em Bogotá teve a participação de atingidos/as da Bacia do Rio Doce, entre elas, moradores que foram arrancados do distrito de Bento Rodrigues pela lama da Samarco e de povos indígenas Krenak, que perderam tudo, inclusive, o Rio Doce, que alimentava suas comunidades.

“Num mundo dividido em castas sociais, às vezes, a palavra justiça não existe da forma como deveria ser”, disse o cacique Maycon Krenak. Ainda sobre a questão da equidade, o líder denunciou a falta de equilíbrio no julgamento do processo. “Por uma questão monetária, quem tem muito é diferenciado daqueles que têm pouco. Nosso povo Krenak vem, há anos, pedindo justiça, não só pela ditadura que se estabeleceu em nosso território, mas pelo minério que as mineradoras despejaram em nosso rio.”

A busca por justiça fora do Brasil, segundo ele, é importante, porque o governo brasileiro tenta um acordo com as mineradoras sem a participação dos atingidos na discussão. “Isso não é justiça. Estão vendo o lado das empresas e não dos atingidos.”

Letícia Oliveira explica que a campanha expõe a realidade das pessoas atingidas oito anos depois do rompimento da Barragem de Fundão. “Até agora ninguém foi responsabilizado. Buscamos compensação justa para essa gente que perdeu suas casas, seu trabalho e água de qualidade, uma vez que a lama contaminou todo o rio até o oceano. Com essa campanha, queremos pressionar a justiça e as instituições do Brasil e, também, da Inglaterra, onde está a sede da BPH Billiton, para que se resolvam esses problemas”.

Moradora de Bento Gonçalves, a atingida Mônica dos Santos fez um forte desabafo. “São oito anos de luta, mas o crime não acabou no dia 5 de novembro de 2015. Ele vem se renovando a cada dia, a cada ano.” Além de direitos sociais, financeiros e ambientais violados, ela contabilizou, na última semana de setembro, 55 mortes que teriam relação direta com o caos deixado pelo rastro de lama.

A impunidade e a incerteza sobre as respostas da Justiça foram citadas ao longo do encontro várias vezes. Neste contexto, a campanha Revida surge como uma resposta a essa insegurança dos atingidos. “É preciso que as pessoas saibam o que aconteceu e possam refletir daqui pra frente. Será que a gente precisa de uma mineração predatória, que destrói vidas, como aconteceu em Mariana, e depois se repetiu em Brumadinho?”, questionou Mônica.

Além do Brasil, as mineradoras Vale e a BHP, responsáveis pelo crime, mantêm diferentes operações no continente americano. São empreendimentos que, a exemplo do que acontece no Brasil, causam danos socioambientais imensos às populações atingidas. Enquanto a Vale atua no Canadá na exploração de potássio, a BHP detém, no Chile, o controle da Minerals Americas, líder mundial na produção de concentrado de cobre, zinco e carvão térmico com diferentes plantas em operação.

Crime ambiental

Em 5 de novembro de 2015, às 16h20, uma barragem de Fundão, de propriedade da mineradora Samarco, controlada pelas empresas Vale e BHP Billiton, rompeu e despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração de ferro. A tragédia matou pessoas, destruiu comunidades inteiras e plantações, além de poluir cursos d’água, deixando um rastro de destruição em toda a bacia do rio Doce, em Minas Gerais, chegando até a foz do rio, no estado do Espírito Santo e, por consequência, no oceano Atlântico.

De acordo com os responsáveis ​​​​pela campanha, até o momento, as vítimas da tragédia aguardavam que as autoridades brasileiras valessem seus direitos, enfatizando que o crime de roubo pelas mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton não pode cair no esquecimento.

Segundo informações do MAB, “até o momento, não houve proteção aos prejudicados, pois as famílias estão sem abastecimento de água potável, sem renda, moradia entre tantos outros direitos que estão sendo violados. “Revida Mariana” é uma campanha por peças integrais e um grito por justiça!”.

Thiago Alves, membro da coordenação nacional do MAB, esclarece que o objetivo principal da campanha é “fazer ecoar a voz de milhares de famílias que sofrem os efeitos dessa tragédia criminosa; exige indenização integral pelos danos sofridos, dialogar com a sociedade, e mostrar a luta dos atingidos e atingidos nestes quase oito anos de crime”.

Segundo o MAB, enquanto “no Brasil a justiça caminha a passos lentos há quase 8 anos, lá fora, nos tribunais do Reino Unido, os atingidos e atingidos estão sendo ouvidos. Já há previsão para que, em outubro de 2024, a BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, e a Vale, controladoras da Samarco, sejam julgadas pela responsabilidade no rompimento”.

Devastação e sofrimento

A campanha traz uma série de peças e vídeos produzidos para as redes sociais, imprensa e formadores de opinião onde é exposta a realidade devastadora do desastre de responsabilidade das mineradoras.

Os depoimentos mostram o sofrimento de quem perdeu tudo, teve sua casa, parentes e animais de estimação varridos pela lama tóxica, além da fala de sobreviventes que escaparam da morte, mas cujo sofrimento perdura até os dias de hoje.

As peças da campanha também abordam o desespero de indígenas e ribeirinhos que choram às margens do Rio Doce, um rio importante para a região, que segue morto, deixando inteiras sem saber de famílias onde irá tirar seu sustento.

Redação da CUT

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