Com dez dias de conflito, iniciado com um ataque do Hamas a Israel no dia 7 de outubro, a crise humanitária ganhou graves proporções na Faixa de Gaza. Apesar do esforço de negociação, não houve avanços até o momento na criação de um corredor humanitário que permita a chegada de suprimentos como kits médicos, alimentos e água para atender a população civil na região dos conflitos.
Além disso, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), reunido na noite desta segunda-feira (17), não conseguiu aprovar uma resolução sobre um cessar-fogo na região. A Rússia colocou uma proposta de “cessar-fogo imediato” em votação, que acabou rejeitada. O Brasil está trabalhando em um documento que acomode interesses de russos e americanos. A votação sobre a proposta brasileira estava prevista para a mesma sessão, mas foi adiada para esta terça-feira (17)
“Hoje, os civis em toda Gaza sofrem com a falta de alimentos, eletricidade e água, o que impede as famílias de suprirem suas necessidades básicas”, afirmou nessa segunda-feira (16) o chefe da subdelegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Gaza, William Schoumburg, em um vídeo gravado em um acampamento improvisado para palestinos deslocados em Rafah, perto da fronteira egípcia.
“Os hospitais estão rapidamente ficando sem suprimentos e enfrentam condições cada vez mais difíceis para funcionar. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está pronto para atender às necessidades das comunidades de Gaza. No entanto, para que possamos fazer isso, precisamos de segurança, suprimentos e condições adequadas”, disse Schomburg.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda que Gaza enfrenta uma iminente crise de saúde pública por falta de água. Segundo a agência da ONU, 3.500 pacientes em 35 hospitais em Gaza estão em risco imediato devido à escassez desse suprimento.
O chefe da agência da ONU que apoia os refugiados palestinos, Phillippe Lazzarini já havia alertado no domingo à noite que Gaza está “sendo estrangulada”, acrescentando que “nem uma gota de água” foi permitida na Faixa de Gaza há mais de uma semana.”Gaza está sendo estrangulada e parece que o mundo perdeu sua humanidade. Se olharmos para a questão da água – todos sabemos que água é vida – Gaza está ficando sem água, e Gaza está ficando sem vida.”
Em uma carta conjunta publicada no domingo (15), a Liga Árabe e a União Africana também chamaram a atenção para o agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza e destacaram a urgência da criação de um corredor humanitário para fornecer auxílio à população e socorrer os feridos em confronto. “O castigo coletivo não pode ser aceito”, diz o comunicado.
Criado em 1945, a Liga dos Estados Árabes é uma organização que reúne 22 países, entre eles, Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Líbano e Marrocos. Já a União Africana reúne todos os 55 países africanos.
Autoridades de segurança do Egito chegaram a anunciar um cessar-fogo com o objetivo de garantir o corredor humanitário em Rafah, na região sul de Gaza, mas a informação foi desmentida na manhã de segunda pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Cerca de 600 mil pessoas foram deslocadas na região, segundo as agências de ajuda humanitária. Os suprimentos de comida e água em Gaza estão perigosamente baixos e os hospitais devem ficar sem combustível dentro de 24 horas, afirmou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários no domingo (15).
Autoridades palestinas estimam 2.778 mortes e 9.938 pessoas feridas em Gaza. Os ataques do Hamas mataram pelo menos 1.400 pessoas em Israel e feriram mais de 4.121, segundo as autoridades israelenses.
Redação da CUT