quinta-feira, setembro 19, 2024

Pobreza extrema cai 40%, mas abismo para super-ricos aumenta no Brasil

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O aquecimento da economia nacional no período entre 2022 para 2023 – fim do governo de Jair Bolsonaro (PL) e início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – levou à queda no desemprego no país, ao aumento do rendimento dos trabalhadores e à redução da extrema pobreza. Apesar disso, a concentração de renda aumentou.

Em 2023, pela primeira vez, o observatório apresentou um compilado sobre 42 indicadores que ajudam a medir a desigualdade no Brasil. Neste ano, esse monitoramento foi atualizado e apontou mais melhoras que pioras.

Dos 42 indicados monitorados, 19 tiveram melhora – 44% do total; 21% deles pioraram; e 14% tiveram um desempenho neutro. Outros 21% –ou seja, 9 dos 42 indicadores – não puderam ser atualizados pois não haviam dados disponíveis.

A queda da pobreza entre mulheres negras foi ainda maior: 45,2%.

O observatório também apontou uma redução de cerca de 20% do desemprego no país de 2022 para 2023, também usando dados do IBGE. O instituto ainda mediu um aumento de cerca de 8,3% dos ganhos dos trabalhadores, o que também é citado pelo observatório.

Apesar disso, a desigualdade de renda subiu ligeiramente no Brasil. Em 2022, o 1% mais rico da população tinha rendimento 30,2 vezes maior do que os 50% mais pobres. Em 2023, o rendimento dos mais ricos subiu para 31,2 vezes o dos mais pobres. “É uma desigualdade muito grande”, afirmou o sociólogo Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Fórum das Centrais Sindicais e um dos colaboradores do observatório, em entrevista ao Central do Brasil, produzido pelo Brasil de Fato.

Segundo ele, as desigualdades no Brasil são um problema estrutural, de difícil enfrentamento. “Por outro lado, já se observa que, em 2023, fruto de políticas públicas importantes especialmente no âmbito federal, houve um impacto na redução da desigualdade”, acrescentou.

Outras áreas

Na educação e saúde, cresceu 12,3% a proporção de mulheres negras de 18 a 24 anos no Ensino Superior, segundo o IBGE. Além disso, houve uma redução de 14% das mães com até 19 anos que deram à luz a filhos vivos, de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Já na área ambiental, houve queda de 13,1% no desmatamento em áreas indígenas e de conservação. A queda foi mais expressiva no Norte: 46,4%. O dado é do Instituto de Referência Negra Peregum.

Pioras

Em compensação, houve aumento da desnutrição entre crianças indígenas entre 2022 e 2023, algo que segundo o Observatório da Desigualdade chama atenção para uma “crise emergente”. “Entre as possíveis causas dessa piora estão a seja por questões geográficas como também pelo racismo estrutural, que invisibiliza pessoas indígenas em contextos urbanos e impõe barreiras de acesso aos serviços”, diz o relatório da entidade.

Houve também aumento de 5% da mortalidade infantil entre 2021 e 2022, e aumento de 22% de mortes por causas evitáveis no mesmo período.

O relatório do observatório informa ainda que, de 2019 a 2022, o déficit habitacional cresceu, chegando a 6,4 milhões de residências. Já as emissões de carbono, que causam o efeito estufa, cresceram 30% no mesmo período.

Por: Brasil de Fato
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