A pressão pela expulsão de Ciro Gomes do PDT cresce entre parlamentares do partido, que criticam a postura do ex-ministro em recentes eleições municipais e sua posição política independente. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, deputados da legenda articulam a retirada de Ciro para proteger o alinhamento partidário e assegurar um melhor desempenho nas eleições de 2026.
O deputado Josenildo (PDT-AP) foi enfático ao afirmar que tomará medidas formais caso o partido não chegue a um consenso sobre o tema. “Eu vou protocolar um pedido de expulsão se isso não avançar de uma forma consensual no partido”, disse ele. “Ele está indo para outro rumo. Como ele está desviando a rota, até para o partido retomar esse crescimento, que ele busque um partido que pensa igual a ele.”
A divergência se acentuou após declarações de Ciro que, segundo membros do partido, comprometeram a unidade e o desempenho do PDT nas eleições municipais. Em agosto, Ciro criticou publicamente a candidatura de Duda Salabert (PDT-MG) à prefeitura de Belo Horizonte, alegando que ela “não tem preparo” para o cargo. A repercussão foi negativa e aumentou as tensões internas. Em resposta, Duda afirmou em grupos de WhatsApp que Ciro era um “repelente de votos”.
A maior preocupação dos parlamentares, no entanto, recai sobre as ações de Ciro em Fortaleza. Durante o segundo turno das eleições, o ex-ministro foi acusado de apoiar, ainda que indiretamente, o deputado federal bolsonarista André Fernandes, que disputa a prefeitura contra Evandro Leitão (PT), deputado estadual. Embora o PDT cearense tenha adotado uma posição de neutralidade, permitindo que seus membros escolhessem livremente quem apoiar, aliados de Ciro, incluindo o ex-prefeito Roberto Cláudio, se alinharam a Fernandes.
Roberto Cláudio não apenas manifestou seu apoio como participou ativamente da campanha de Fernandes. O apoio foi reforçado quando dois irmãos de Roberto Cláudio doaram R$ 500 mil para a candidatura do deputado bolsonarista, e seis dos oito vereadores eleitos pelo PDT em Fortaleza também se posicionaram a favor de Fernandes. Para membros do partido, esses gestos representaram um “apoio velado” de Ciro a um adversário político que contraria os princípios da legenda.
O clima de insatisfação é crescente, e a expectativa é que as discussões internas se intensifiquem nas próximas semanas. A permanência de Ciro Gomes no PDT será decisiva para definir o rumo do partido, que busca evitar divisões que possam comprometer suas estratégias eleitorais futuras.
Fonte: Redação Brasil 247