Sob a liderança do Brasil, a reunião ministerial do G20 Saúde foi concluída nesta quinta-feira (31), no Rio de Janeiro, com acordo unânime em dois documentos: a Declaração Ministerial sobre Mudança Climática, Saúde e Equidade e Uma Só Saúde e a Declaração do Rio de Janeiro de Ministros da Saúde do G20. “Nosso compromisso é claro: devemos construir sistemas de saúde sustentáveis e resilientes. A mudança climática representa uma ameaça significativa à saúde, especialmente para as populações mais vulneráveis. É nosso dever garantir que ninguém fique para trás”, defendeu a ministra Nísia Trindade, sobre a urgência das medidas acordadas.
Acesse as declarações aprovadas no G20 Saúde
A reunião ministerial reuniu as 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana. Em dezembro do ano passado, o Brasil sucedeu a Índia na presidência. É a primeira vez que o país assumiu essa posição no atual formato do G20, estabelecido em 2008. No fim do ano, a presidência será transferida para a África do Sul.
Os ministros reconheceram a urgência de enfrentar as crises de saúde causadas pela mudança climática , enfatizando a necessidade de recursos financeiros sustentáveis e uma abordagem integrada e intersetorial. A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram destacados como essenciais para promover a saúde e o bem-estar para todos.
As declarações mencionam a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) e o Acordo de Paris, além da Estratégia Global da OMS sobre Saúde, com o objetivo de fortalecer a resposta às consequências da mudança climática na saúde. Os documentos alertam sobre os impactos negativos dos eventos climáticos extremos e da poluição do ar, que incluem o aumento de doenças infecciosas e não transmissíveis, além de problemas de saúde mental .
Para mitigar esses impactos, os acordos incentivam investimentos em saúde, especialmente em países em desenvolvimento, em situação de maior vulnerabilidade social. Também apoiam o desenvolvimento de estratégias intersetoriais para implementar ações contra a resistência antimicrobiana (AMR), de acordo com diretrizes e planos globais.
A cúpula contou, ainda, com a presença do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que enfatizou a importância da cooperação internacional em um momento crítico para a saúde pública mundial. “Devemos retomar o objetivo de implementar um tratado que priorize a vida humana sobre interesses comerciais, promovendo a solidariedade global. Destaco a importância do multilateralismo, que tem avançado em diversos acordos políticos. Parabenizo todos os envolvidos pelas declarações adotadas, incluindo a mudança climática, saúde e equidade, e a abordagem de Uma Só Saúde”, afirmou Vieira.
Foto: Walterson Rosa/MS
Coalizão Global para Produção Local e Regional
A Coalizão Global para Produção Local e Regional visa promover o acesso a vacinas, terapias e novas tecnologias de saúde, com foco em doenças negligenciadas e populações vulneráveis, evitando a duplicação de esforços com iniciativas existentes. As declarações enfatizam a necessidade de fortalecer as capacidades de saúde digital e de abordar a escassez de profissionais de saúde, especialmente em contextos de emergência.
Os documentos também reafirmam o compromisso em erradicar epidemias como aids , tuberculose , malária e poliomielite , além de destacar a importância de investimentos em saúde para enfrentar desigualdades e promover o desenvolvimento social. “Investir em saúde é fundamental não apenas para melhorar resultados sanitários, mas para impulsionar o crescimento econômico e sustentável em nossos países”, afirmou a ministra Nísia Trindade.
Os ministros do G20 se comprometeram a manter o impulso em direção a um sistema de saúde mais equitativo e eficiente, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 3, que visa garantir saúde e bem-estar para todos. Além disso, os entendimentos visam fortalecer a fabricação de produtos de saúde locais, facilitando o acesso a vacinas e tratamentos em países de baixa e média renda (LMICs), com foco em parcerias público-privadas, compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologias.
A coalizão contará com a adesão voluntária de países do G20 e organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), oferecendo suporte técnico e científico. A governança terá um Comitê Diretor, um Comitê Consultivo e uma Secretaria Executiva, sendo o Brasil designado para a presidência nos primeiros dois anos.
As declarações acordadas no G20 Saúde também ressaltam o papel da saúde digital na promoção do acesso a serviços de saúde. A telemedicina e os avanços em Inteligência Artificial (IA) são vistos como oportunidades para melhorar a prestação de serviços, promovendo a continuidade do cuidado e abordando desigualdades no acesso.
Fonte: Redação Gov.br