*Por Julimar Roberto
Neste 8 de março, o grito que ecoa nas ruas – “Ainda estamos aqui!” – não é apenas um lembrete do caminho percorrido, mas um chamado urgente para que a luta pela vida, dignidade e igualdade das mulheres resista e persista. O tema, que convoca a resistência contra as múltiplas formas de opressão – o machismo, o racismo e o fascismo – também carrega a exigência de justiça, não permitindo que atos de violência fiquem impunes, ou sejam anistiados.
A trajetória da luta das mulheres no Brasil tem raízes profundas. Durante a ditadura militar, figuras como Eunice Paiva mobilizaram mulheres para denunciar torturas, prisões e perseguições políticas – lutas que transcenderam a mera reivindicação de direitos e se converteram em batalhas pela própria sobrevivência e redemocratização do país. Atualmente, ainda que os contextos tenham mudado, os resquícios do machismo estrutural, do racismo institucional e do autoritarismo mantêm-se em diferentes formas, exigindo que o movimento feminista se renove e se fortaleça para combater essas opressões.
E essa luta não pode ser fragmentada, a força contra um sistema que impõe desigualdades em múltiplas dimensões precisa ser indivisível. Cada manifesto, cada ato e cada intervenção cultural ou política, reforçam que a sobrevivência e a emancipação das mulheres dependem da união em defesa dos direitos humanos.
Ao dizer “sem anistia!”, o movimento assume seu lugar na história, mostrando o protagonismo frente à defesa da democracia e do país. Essa exigência é um eco das lutas contra a ditadura militar, quando as mulheres clamavam por responsabilidade e memória, sem permitir que os opressores escapassem das consequências de seus atos.
O 8 de março de 2025 nos convida a refletir sobre as vitórias conquistadas, mas também sobre os desafios que ainda persistem. A mobilização das ruas, o engajamento das companheiras e a articulação entre movimentos sociais e sindicais são fundamentais para ampliar a agenda de direitos das mulheres. As políticas públicas que promovem a igualdade salarial, o combate à violência e a inclusão de todas as identidades são essenciais para que o feminismo possa avançar e transformar a sociedade.
O grito de resistência não é um lamento de vitimização, mas uma afirmação da força que impulsiona a transformação social. “Ainda estamos aqui” reafirma que, apesar de todos os retrocessos e das adversidades impostas por um sistema excludente, as mulheres permanecem unidas e determinadas a construir um futuro onde a igualdade seja realidade – e onde o fascismo, o racismo e o machismo não tenham espaço.
A transformação social exige coragem, união e inconformismo. E é com essa determinação que homenageamos as mulheres brasileiras que ainda não tomaram plena consciência da força que têm, mas que, mesmo assim, já fizeram muito. Que bom que estamos assistindo a essa escalada. Não esmoreçam! Vocês chegarão muito além!!!
*Julimar é comerciário e presidente da Contracs-CUT