quarta-feira, setembro 24, 2025

Rumo a COP 30: CUT defenderá justiça climática com foco no trabalho decente

Leia também

Ao longo dos últimos meses, a CUT vem se preparando intensamente para a COP 30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025. Na atividades da Conferência, a Central defenderá trabalho decente, transição justa, participação sindical ativa, proteção social, liberdade sindical e políticas climáticas que priorizem a vida, os direitos humanos e a justiça social.

Além disso, reivindicará financiamento climático justo e transparente, integração da Transição Justa nos planos nacionais de clima e protagonismo das comunidades locais e povos indígenas, assegurando que as decisões globais sobre clima não reproduzam desigualdades históricas ou precarizem trabalhadores.

Demandas da CUT e da CSI (Confederação Sindical Internacional) para a COP30

  1. COP da Implementação da Transição Justa: decisões vinculantes, participação sindical, proteção social, liberdade sindical e negociação coletiva.
  2. Criação do Mecanismo de Ação de Belém (BAM): estrutura permanente na UNFCCC para coordenar políticas de Transição Justa.
  3. Integração da Transição Justa nos planos nacionais de clima: NDCs, NAPs e LT-LEDS.
  4. Financiamento climático justo e transparente:

Preparação da CUT para a COP 30

Ao longo de 2025, a CUT participou de encontros nacionais e internacionais para fortalecer sua atuação e consolidar sua pauta de Transição Justa. Cada evento contribuiu para alinhar bandeiras, construir alianças e trocar experiências com movimentos sociais, sindicatos e organismos internacionais.

·         12 de junho – Genebra (OIT, 113ª Conferência Internacional do Trabalho)

secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, integrou a mesa da Coalizão Global pela Justiça Social, defendendo o rompimento com o modelo extrativista e destacando que energia é direito humano, não mercadoria. Lisboa reforçou que a Transição Justa deve ser consolidada como compromisso global, rompendo com modelos econômicos centrados na extração de recursos naturais, desmatamento e exportação de commodities, que pouco contribuem para a geração de empregos de qualidade e o bem-estar das populações locais.

·         14-15 de julho – Salvador (FUP/INEEP)

No Seminário Nacional sobre Transição Energética Justa, Lisboa participou da mesa “Caminhos para a Transição Energética Justa: A Ação Coletiva e o tempo presente”. Ressaltou os 40 anos de compromisso da CUT com justiça ambiental e trabalho decente, destacando o legado de Chico Mendes e a estratégia da CUT para a COP 30.

·         Julho – Bogotá, Colômbia

Lisboa reforçou o protagonismo da CUT nas COPs e a importância da mobilização sindical rumo à COP 30, articulando movimentos sociais e trabalhistas latino-americanos para políticas ambientais inclusivas, reparatórias e centradas nas pessoas.

·         27 de agosto – Rio de Janeiro (Rio Climate Week)

No painel “Quem deve a quem? Diálogos para uma Transição Justa”, Lisboa destacou a necessidade de repensar o financiamento climático público, questionando as atuais estruturas de dívida internacional e os mecanismos de mercado de carbono. Ele afirmou: “O movimento sindical deve ser protagonista de uma transição que não sobrecarregue trabalhadores e trabalhadoras. Precisamos de políticas inclusivas, reparatórias e que enfrentem desigualdades históricas.”

·         Agosto – Rosario, Argentina

O assessor de relações internacionais da CUT, Fernando Vivaldo, participou da Semana del Clima de Rosario, destacando que a defesa da Transição Justa faz parte da trajetória histórica do sindicalismo e que os trabalhadores precisam ser centrais nas transformações socioambientais. O evento reuniu sindicatos e organizações sociais e ambientais da América Latina, abordando adaptação, financiamento e transição justa, promovendo troca de experiências entre diferentes países do Sul Global.

·         31 de agosto a 2 de setembro – Belém

Reunião Convergência Global sobre Transição Justa, coorganizada pela CUT Brasil, FASE e War on Want, reuniu cerca de 40 representantes de movimentos sociais, coletivos feministas, ambientais e de soberania alimentar. A representação da CUT incluiu Vera Paoloni, Rosalina Amorim, Maicon Michel Vasconcelos da Silva e Fernando Vivaldo.
O encontro teve quatro objetivos:

  1. Alinhar posições entre movimentos brasileiros e internacionais.
  2. Fortalecer alianças em setores estratégicos como trabalho, energia, soberania alimentar e justiça climática.
  3. Ampliar o protagonismo amazônico e territorial nas propostas para a COP30.
  4. Preparar a incidência coletiva no eixo da Transição Justa da Cúpula dos Povos, espaço da sociedade civil durante a conferência oficial.

·         19 de setembro – Belém

A capital paraense sediou a Oficina Técnica – “Diagnóstico sobre Bons Empregos Verdes e Taxonomia Verde”, reunindo lideranças sindicais, pesquisadoras e movimentos sociais para discutir trabalho decente, transição justa e clima antes da Cúpula dos Povos e da COP 30.

O encontro foi conduzido pela secretária nacional de Meio Ambiente da CUT, Rosalina Amorim e Vera Paoloni, presidenta da CUT Pará. Na abertura, Paulo Gaya – Superintendência Regional do Trabalho, falou sobre a importância do estudo e de estarmos atentos à apropriação de termos e pautas pelo capitalismo, para que não percamos de vista quais as nossas demandas em relação aos empregos verdes, diante de “green washing

Já na mesa “Desafios Climáticos e Bons Empregos Verdes”, Heidiany Moreno, Diretora de Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários PA e Secretária de Mulheres da CUT PA, trouxe relatos de mulheres indígenas afetadas por agrotóxicos.

Renata Belzunces, economista do Dieese defendeu que a mitigação e adaptação climática só têm sentido com trabalho decente e participação local. Jaqueline Damasceno, do Movimento Atingidos por Barragens (MAB), denunciou racismo ambiental e ameaças a lideranças amazônicas

Ainda no evento, o Dieese apresentou um estudo mostrando que apenas 3% dos empregos formais em cidades como Belém são verdes, geralmente mal remunerados ou em setores de alto impacto.

Ao final do evento, como destaque, o Plebiscito Popular e a agenda climática, lembrando que os trabalhadores não podem pagar a conta da transição.

“O encontro marcou o início da mobilização da CUT para garantir que a COP 30 reconheça trabalhadores e comunidades amazônicas como protagonistas da luta por empregos verdes de qualidade”, ressaltou Rosalina Amorim.

Na avaliação da dirigente, a atividade e trouxe diagnósticos importantes para sindicatos e trabalhadores. Ela defendeu ampliar o debate com dirigentes e categorias já impactadas pelas mudanças climáticas, reforçando a organização sindical para garantir melhores condições de trabalho, valorização profissional e avanços em acordos coletivos.

“É fundamental fortalecer nossa organização para incidir junto a essas categorias, garantindo melhores condições de trabalho, valorização profissional e avanços nos acordos coletivos. Esse é um passo essencial para fortalecer todo o nosso processo de organização sindical”, pontuou.

 

Transição Justa: atuação da CUT

Para a CUT, Transição Justa é um conjunto de políticas públicas que garanta que a transformação econômica e ambiental não aprofunde o trabalho informal, a precarização ou a exclusão social. A Central destaca três pilares fundamentais:

  1. Novo modelo de desenvolvimento sustentável
    • Direito ao desenvolvimento do Sul Global com soberania e justiça social.
    • Romper com o modelo extrativista, baseado em desmatamento, exportação de commodities e energia, que frequentemente prejudica trabalhadores e comunidades locais.
  2. Transição energética justa
    • Energia como direito humano, não mercadoria.
    • Universalização e democratização do acesso e geração de energia, combatendo a pobreza energética e garantindo autonomia energética às populações.
  3. Trabalho decente como eixo central
    • Empregos com direitos, proteção social e segurança laboral.
    • Participação sindical ativa, diálogo social e negociação coletiva, seguindo padrões da OIT.

Segundo a CUT, uma transição climática só será justa se os trabalhadores estiverem no centro, garantindo que políticas públicas ambientais não sobrecarreguem quem produz riqueza ou depende diretamente do território para viver.

Histórico da CUT na defesa do clima e do trabalho decente

A relação entre meio ambiente, clima e trabalho é antiga na CUT. Desde a década de 1980, a Central articula reforma agrária, saúde do trabalhador e preservação ambiental como parte de uma agenda única de justiça social e ambiental. Entre os marcos históricos estão:

  • 1991 – Criação da Comissão Nacional de Meio Ambiente; participação na ECO-92 com propostas de soberania popular.
  • 2009 – Criação da Secretaria Nacional de Meio Ambiente.
  • 2015 (COP21, Paris) – Protagonismo na inclusão do conceito de Transição Justa no Acordo de Paris.
  • 2022 (COP27, Sharm El-Sheikh) – Defesa da criação do Programa de Trabalho sobre Transição Justa.
  • 2023 (COP28, Dubai) – Formalização do Programa de Trabalho sobre Transição Justa.

Essa trajetória evidencia que a CUT constrói a defesa do trabalho decente como parte intrínseca das políticas climáticas globais, reforçando que a transformação ambiental e econômica deve beneficiar trabalhadores e comunidades, não apenas setores corporativos ou investidores.

 

Fonte: Redação CUT

spot_img

Últimas notícias