O Brasil consolidou nesta semana sua liderança global na agenda ambiental ao viabilizar, com o apoio do Banco Mundial, o primeiro fundo internacional permanente de remuneração por florestas preservadas, batizado de Tropical Forests Forever Fund (TFFF), que terá meta de captação de US$ 125 bilhões e funcionará como um “fundo soberano do clima”, gerando rendimentos contínuos para países que comprovarem, por imagens de satélite, a manutenção de suas florestas.
O Conselho do Banco Mundial aprovou suas funções na quarta-feira (21) e, durante a reunião, o Brasil foi reconhecido como uma liderança em políticas de combate ao desmatamento e na diplomacia climática. O banco atuará como gestor fiduciário e administrador dos recursos, além de cuidar da tesouraria, pagamentos e auditoria de resultados, garantindo transparência e credibilidade ao modelo.
O diretor executivo para o Brasil no Banco Mundial, Marcos Vinicius Chiliatto Leite, destacou que o conselho da instituição “aplaudiu” a proposta brasileira durante a reunião que aprovou o modelo.
“O reconhecimento à liderança do Brasil foi muito contundente. O país mobilizou um grupo importante de doadores e beneficiários durante sua presidência do G20, o que deu credibilidade ao projeto”, afirmou Chiliatto Leite. “Será um mecanismo de transparência e accountability, que pode mudar de forma definitiva a maneira como o mundo protege florestas”, completou.
O modelo é considerado 50 vezes maior que o Fundo Amazônia e pretende criar renda verde permanente, sem depender de ciclos políticos ou doações ocasionais, como no caso do Fundo Amazônia. O TFFF será formado por uma carteira de investimentos de longo prazo, cujos rendimentos anuais financiarão os pagamentos aos países preservacionistas. A meta é que 20% dos recursos venham de governos e 80% de investidores privados, como fundos de pensão, seguradoras e fundos soberanos, que receberão retornos de mercado em um ativo considerado de alta segurança (rating AA ou AAA).
TFFF nasce de ideia brasileira e terá papel central na COP30
O Tropical Forests Forever Fund (TFFF) é um fundo internacional proposto pelo Brasil e aprovado pelo Banco Mundial que visa remunerar países que preservam suas florestas, e começou a ser desenhado há dois anos dentro do Ministério da Fazenda, a partir de uma proposta que ganhou corpo durante a COP28, em Dubai.
O projeto amadureceu sob a alçada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A expectativa é que o tema seja levado à COP30, em Belém (PA), como exemplo do chamado “financiamento verde”.
O subsecretário de Assuntos Econômicos e Fiscais do Ministério da Fazenda, João Paulo de Resende, revelou que a ideia do TFFF surgiu como resposta aos atuais mecanismos de financiamento ambiental, como o Fundo Amazônia.
“Precisávamos de uma fonte eterna e constante de pagamento para as florestas”, afirmou Resende. “Hoje os países dependem da vontade política dos governos doadores, o que gera imprevisibilidade mesmo quando o desmatamento é reduzido”, continuou.
Além do Brasil, o fundo deve beneficiar países do Congo e do Sudeste Asiático, regiões que abrigam as outras grandes florestas tropicais do planeta. A promessa é criar um sistema duradouro e previsível de pagamentos por resultados ambientais, com o Banco Mundial atuando como garantidor internacional.
Em suma, o TFF:
- Funciona como um fundo de endowment, similar aos usados por universidades e fundos soberanos.
- Investe o capital captado (meta de US$ 125 bilhões) e utiliza apenas os rendimentos para pagar os países preservacionistas.
- O Banco Mundial será o gestor fiduciário e garantidor da transparência.
- O modelo é considerado 50 vezes maior que o Fundo Amazônia e pretende criar renda verde permanente, sem depender de ciclos políticos ou doações ocasionais.
Fonte: Redação Revista Fórum

