sexta-feira, outubro 4, 2024

Inteligência Artificial afetará entre 40% e 80% dos empregos, segundo estudos

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Cerca de 80% dos empregos serão substituídos pela Inteligência Artificial (IA) nas próximas décadas. A avaliação foi divulgada em artigo do bilionário Vinod Khosla, cofundador da Sun Microsystems e investidor da Netscape, Amazon, Google e OpenAI. Em análise, ele completa que o fenômeno não será necessariamente ruim e tem alto potencial de gerar riquezas para todos. Mas isso, se os governos tomarem medidas de regulamentação e a partir de mecanismos que ele mesmo defende, como a renda básica universal e redução da jornada de trabalho semanal.

Caso isso não ocorra, Khosla, que diz estudar tecnologia disruptiva há quatro décadas, aponta que não será possível evitar uma “distopia econômica”, ou seja, o processo de concentração de riqueza e desemprego em massa.

“Khosla fala o que nós temos defendido há bastante tempo: regulação realizada pelo Estado, renda básica e jornada reduzida, de forma que os impactos da tecnologia no mercado de trabalho não resultem no aprofundamento das desigualdades e sim em ganhos sociais para todos e todas”, observa a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

Um estudo divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em janeiro, apontou, por outro lado, que a IA irá afetar 40% dos empregos em todo o mundo. Em países como Estados Unidos e Reino Unido, o impacto será maior, entre 60% e 70%. No Brasil, a estimativa da entidade é que 41% dos empregos com alta exposição à Inteligência Artificial serão afetados.

Concentração sem precedentes

Em junho, durante sua participação na 112ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho (CIT), realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o presidente Lula destacou que nunca no mundo existiram tantos bilionários como na atualidade. “Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma dos PIBs do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido”, completou.

Além da renda básica universal e redução da jornada, a taxação de grandes fortunas é outro instrumento defendido por estudiosos para tentar reverter o violento processo de concentração. Um deles é o economista Thomas Piketty, considerado um dos maiores especialistas sobre economia da desigualdade e redistribuição de renda.

Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, que ajudou a coordenar, aponta que a partir dos anos 1980, o setor privado passou a assumir grande parte dos recursos que antes eram de patrimônio público, isso em quase todos os países: ricos ou emergentes. “Enquanto a riqueza nacional aumentou substancialmente, o patrimônio público hoje é negativo ou próximo de zero nos países ricos”, completam os autores da pesquisa que aponta para a necessidade de taxação de grandes fortunas, para a recuperação do patrimônio público, e isso inclui a disponibilidade de serviços essenciais como saúde, educação e, agora, enfrentamento das crises decorrentes das mudanças climáticas.

Já segundo o relatório Desigualdade S.A, produzido pela Oxfam, divulgado neste ano, sete das 10 maiores corporações do mundo têm um bilionário como principal acionista. O mesmo trabalho aponta que a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo mais que dobrou desde 2020 (passou de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões), ao mesmo tempo em que as quase cinco bilhões de pessoas mais pobres ficaram ainda mais pobres.

“O setor produtivo e os recursos financeiros estão concentrados em uma escala sem precedentes na história da humanidade. Considerando os avanços tecnológicos e, ainda, que apenas cinco grandes empresas de tecnologia no mundo (Amazon, Microsoft, Alibaba, Google e Huawei) detém hoje 81,2% do mercado mundial de infraestrutura de serviços e isso inclui mecanismos de IA que estão e serão implementados, temos um desafio muito grande para evitar a ‘distopia econômica’, ou seja, o processo de concentração de riqueza e desemprego em massa, alertado por Khosla, e isso só será possível com democracias fortes, e democracias fortes só acontecem com Estados fortes e organizações atuantes da sociedade civil organizada”, pontua Juvandia Moreira.

Por: Contraf-CUT

Foto: Reprodução

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