O município de Beit Lahia declarou estado de desastre nesta quarta-feira (30) após bombardeios de Israel nesta madrugada que matou outras 8 pessoas. “Declaramos estado de desastre na área da cidade, devido à guerra de extermínio e cerco de Israel. Não temos comida, água, hospitais, médicos, serviços ou meios de comunicação”, declarou a administração local em comunicado.
No total, os bombardeios israelenses mataram quase 350 pessoas no norte da Faixa de Gaza entre 24 e 29 de outubro, de acordo com dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Tor Wennesland, encarregado especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, nomeou a ação como “mais um ataque mortal da sequência de ‘incidentes com vítimas em massa’, […] que levanta sérias preocupações sobre a violação de direitos internacionais”.
Segundo a jornalista da Al Jazeera Hind Khoudary, equipes da defesa civil e ambulâncias de resgate estão sendo proibidas de entrar em Beit Lahia e auxiliar nos resgates. O cerco, que já dura três semanas, também inclui o bloqueio de água, comida e suprimentos médicos. As pessoas estão sendo forçadas a beber água suja, de acordo com Khoudary.
Desde 7 de outubro de 2023, mais de 800 pessoas foram mortas por bombardeios israelenses, conforme o Ministério da Saúde de Gaza.
França condena ataque
A França “condenou incisivamente” o ataque de Israel que matou quase 100 pessoas na região norte da Faixa de Gaza em uma área residencial, na última terça-feira (29). Foram reportados 93 mortos, além de 40 desaparecidos.
“A França condena incisivamente o ataque de Israel contra um prédio residencial em Beit Lahia, no norte de Gaza, no dia 29 de outubro, que matou quase 100 pessoas, incluindo mulheres e crianças”, declarou o Ministro das Relações Exteriores francês, Stéphane Séjourné.
“O país também condena os recentes ataques de Israel contra hospitais da região norte do território palestino”, acrescentou. “O cerco imposto ao norte de Gaza deve acabar imediatamente.”
Quase todos os hospitais do norte da Faixa, que inclui o campo de refugiados de Jabalia, Deir al-Balah, Beit Lahia e Beit Hanoun, já foram alvos incessantes de bombardeios israelenses, e não possuem suprimentos suficientes para tratamentos médicos dos feridos. Escolas, abrigos e casas também são alvos de ataques.
Proibição da UNRWA por Israel
Sam Rose, oficial da agência para refugiados palestinos (UNRWA), disse que Israel negou permissão para envio de suprimentos para o norte de Gaza, exceto por algumas missões em hospitais no norte, que está sofrendo o cerco militar.
“Não recebemos explicações [sobre as proibições], nos disseram que não é possível viabilizar as missões por razões operacionais”, declarou Rose.
“A maior parte das missões de ajuda alcançaram apenas a cidade de Gaza. Não foi possível chegar ao norte da Faixa. A UNRWA parou, a defesa civil não está mais trabalhando. Os esforços e missões para recuperar os corpos e os presos nos escombros também foram negados nos últimos sete dias, declarou Rose para a Al Jazeera.
Sobre a proibição do parlamento israelense (Knesset) da agência de refugiados da ONU, que viola tratados e leis internacionais, o oficial disse que “diversas gerações de palestinos foram educados em escolas da UNRWA, e milhões de crianças receberam servições de saúde. “Nenhuma organização está capacitada para isso, ou tem a equipe, o sistema e o entendimento do que acontece em território palestino além da UNRWA”, finalizou.
Fonte: Redação Brasil de Fato