Pesquisa realizada pelo Sindicato Global será base das discussões durante o Congresso da UNI
O Sindicato Global UNI e a Fundação New Economics divulgaram nesta terça-feira (9) uma pesquisa que afirma que o mundo precisará de 1,8 bilhões de novos postos de trabalho até 2050. O relatório será o ponto de partida das discussões de quarta-feira no 4º Congresso Mundial da UNI, que acontece na Cidade do Cabo (África do Sul).
Segundo o documento, os trabalhadores poderão esperar uma dramática escassez de postos de trabalho no prazo de dez anos e um panorama crítico da qualidade de trabalho de bilhões de pessoas. O relatório The Future World of Work (O futuro do mundo do trabalho, em tradução livre) examina as condições do mercado de trabalho, tais como a lacuna de empregos, a polarização do trabalho, a procura de competências e procura prever as tendências mais prováveis deste cenário.
Entre os dados levantados pelo relatório está a necessidade de criar 1,8 bilhões de novos postos de trabalho, pois à medida que a população envelhece é necessário criar mais vagas para que alcancemos um nível de emprego de 75%. Para manter as taxas de emprego atuais (61%), serão necessário 600 milhões de novos postos de trabalho em todo o mundo. Caso queira se chegar a 80% de emprego, serão necessários criar 2,3 bilhões de empregos.
O relatório ainda indicou algumas tendências de mudança no mercado de trabalho, que incluem o fraco desempenho econômico, mudanças da população e demográficas dos países desenvolvidos para as economias emergentes, transformação e digitalização tecnológica, modelos internacionais frágeis em finanças e negócios e o estresse ambiental.
Sobre as condições dos trabalhadores, o documento aponta que em 2013 mais de 200 milhões de pessoas estavam desempregadas e o número deve subir para 215 milhões até 2018. Além disso, o texto informa que quase metade de todos os trabalhadores de hoje têm empregos vulneráveis, inseguros, temporários ou mal remunerados. Entre os dados mais alarmantes, está o fato de que quase 840 milhões de trabalhadores (27% do total) ganhou dois dólares ou menos por dia em 2013.
O secretário geral da UNI Philip Jennings afirmou que o relatório é um aviso. “O mercado de trabalho, os sindicatos, e, de fato, todo o mundo tem que inovar e se envolver para enfrentar este desafio, porque não se vai longe e vai afetar todos nós. Temos que ver a criação massiva de trabalho e um enorme novo investimento em educação e capacitação “.
A secretária de relações internacionais da Contracs, Lucilene Binsfeld, participa do evento e aproveitou o momento para fazer uma fala durante a Conferência. Lucilene defendeu o crescimento econômico sustentável e com distribuição de renda para que a distância entre ricos e pobres não aumente, acentuando a desigualdade social.
A dirigente pontuou a conjuntura brasileira em que milhões de brasileiros vivenciaram uma investida dos partidos de direita, defensores do neoliberalismo e do conservadorismo durante as últimas eleições. Segundo ela, a campanha defendida por estes partidos procurou mobilizar os eleitores através de um profundo sentimento de ódio de classes e através do preconceito racial, sexual e contra os setores de esquerda, os excluídos e as minorias. “Reelegemos um projeto popular e democrático que já tirou mais de 40 milhões de pessoas da pobreza, propiciou aumento real de 72% do salário mínimo, gerou mais de 20 milhões de empregos deixando a taxa de desemprego em 4,7%, além de implementar programas na saúde, educação, habitação.”
Por último, a secretária de relações internacionais da Contracs destacou que os trabalhadores e trabalhadoras devem se fortalecer na luta por trabalhos seguros, saudáveis e bem remunerados, pois as empresas não se preocupam com o bem-estar dos trabalhadores, pois extraem tudo dos trabalhadores, que quando adoecem são demitidos. “Para os trabalhadores não existe fronteiras, precisamos avançar na organização global dos trabalhadores e trabalhadoras e a UNI, junto com as outras federações, deve buscar cada vez mais avançar nas conquistas. Precisamos ampliar a solidariedade e tornar nossa luta cada vez mais global.”