Parlamentares consideram processo de venda pouco transparente.
A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realizou na manhã desta quinta-feira (07), Audiência Pública que debateu a venda da Liquigás Distribuidora S.A, subsidiária integral de capital fechado da Petrobras que atua no engarrafamento, distribuição e comercialização de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. A proposta preocupa parlamentares e centrais sindicais porque o assunto não foi amplamente debatido. A Liquigás é uma empresa pública altamente rentável que traz benefícios para a população, ao controlar o valor final do preço do produto e inibir a cartelização da venda do fluído tão usual na preparação de alimentos.
A gerente do Setor Jurídico e de Desenvolvimento da Petrobras, Sr.ª Cláudia Vasques Zacour foi questionada sobre o processo de venda da Petrobrás, pouco transparente na avaliação dos parlamentares. “Por ser uma sociedade de economia mista, compõe a administração indireta, tem um pé na iniciativa pública e outra na inciativa privada, mas quando temos que alienar um ativo, tem que ser mesmo sigiloso”, justificou. Segundo a representante, antes do anuncio oficial da venda será feita toda a proposta contratual e submetida à avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Se aprovado, virá a público por meio do Diário Oficial da União.
Não à privatização
O autor do requerimento para a realização da Audiência, deputado Domingos Sampaio, criticou a venda da empresa. Segundo o parlamentar, há informações veiculadas na imprensa mostrando que os valores cogitados estariam entre 1,2 e 1,5 bilhão de reais, sendo que o faturamento anual da empresa é de 1,4 bilhão somente com a venda de botijões de uso residencial. “Parece-me injustificável a venda de uma empresa por valores tão baixos, sendo que em menos de um ano ela, por si, se paga. Isso sem contar o desemprego em massa que ocorrerá”, esclareceu.
Mobilização como estratégia
Em entrevista concedida à Contracs, a diretora da Confederação Lígia Deslandes considera necessária a intensa mobilização para esclarecer à sociedade sobre a importância de ter uma empresa pública do porte da Liquigás participando do envasamento, distribuição e venda. “Vamos mobilizar os trabalhadores do ramo e buscar conscientizar as pessoas no Brasil inteiro. Faremos campanha contra a privatização, pois o que querem é tirar a Petrobras do mercado”, observou. Lígia também lembrou que o sistema Petrobras não tinha nenhuma distribuidora, o que veio acontecer em 2005 com a criação da Liquigás. A diretora também viu com estranheza os comentários da representante da Petrobras. “As diferentes visões mostram preocupação com a privatização, mas me incomoda o fato de a Petrobras mencionar que a venda vai depender do ‘apetite’ dos investidores”, observou.
Sem datas definidas, o autor do requerimento prometeu a realização de novas reuniões e, se possível, mais audiências públicas envolvendo os principais dirigentes da Petrobras, parlamentares, entidades trabalhistas e a sociedade para aprofundar o debate sobre a proposta de privatização.