É preciso resistir! Uma resistência que derrube qualquer ameaça de calar o povo brasileiro. Ataques à democracia não podem ser tolerados. São inaceitáveis!
No começo da semana, o presidente Bolsonaro reuniu embaixadores de diversos países e voltou a atacar ─ sem provas ─ o sistema eleitoral brasileiro. O ex-presidente Lula, além do Supremos Tribunal Federal (STF) e do ministro da Corte Alexandre de Moraes, também estiveram na mira do capitão reformado. Nas redes sociais, o show de horrores virou piada pela apresentação desprezível e pelas mentiras proferidas contra as urnas eletrônicas, já esclarecidas por diversas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Porém, mais que palavras ao vento e propagação de fake news, o evento merece atenção pelo o que contem nas entrelinhas. Ali, mesmo sem ser literal, Bolsonaro admitiu que poderá perder as eleições para Lula, que segue no topo de todas as pesquisas como favorito dos brasileiros para ocupar a Presidência. Só que, inconformado, ele deixou claro ─ como já vinha dando indícios ─ que não aceitará a derrota pacificamente.
Em 2021, em conversa com apoiadores no cercadinho ─ único local onde ainda é visto como mito ─, ele disse: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não teremos eleições”. Quando mencionou eleições limpas, Bolsonaro estava se referindo ao voto impresso, que foi extinto há quase 30 anos e que, durantes as eleições, registrou altos índices de fraudes. Ele até tentou levar o debate ao Congresso Nacional, mas a PEC que determinava a volta do modelo foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
Ao reunir embaixadores de países ao redor do mundo para atacar novamente o processo eleitoral e utilizar a estrutura da máquina pública para transmitir o evento, Bolsonaro anuncia o golpe. Golpe esse que pode não ter força política, mas que pode colocar em risco a democracia do país. Um dia após a reunião, a embaixada dos Estados Unidos deu um recado para tais ambições golpistas. Em nota, a representação norte-americana afirmou que “as eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.
Delegados e peritos da Polícia Federal também se manifestaram sobre o caso. Em nota, assinada pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais e Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, os policiais reiteraram total confiança no sistema eleitoral brasileiro e cobraram respeito à legislação.
É importante destacar que essa não é a primeira vez ─ e provavelmente não será a última ─ que Bolsonaro coloca em xeque a segurança do sistema eleitoral brasileiro. Mais que afrontar as urnas, ele incita o ódio e insufla a massa bolsonarista a não aceitar o resultado das eleições. Isso nada mais é que um claro ataque à democracia.
Em pleno 2021, enfraquecer o Estado democrático de Direito é retroceder anos de lutas. É jogar por água abaixo a resistência dos nossos companheiros que, por anos, batalharam e deram suas vidas pela redemocratização do país. É impossibilitar que nós, brasileiros e brasileiras, escolhamos nosso representante pelas vias legais, que são as eleições.
É preciso resistir! Uma resistência que derrube qualquer ameaça de calar o povo brasileiro. Ataques à democracia não podem ser tolerados. São inaceitáveis! Por isso, novamente, conclamamos aos trabalhadores e trabalhadoras que se unam em defesa da nossa Pátria Mãe Gentil.
Por* Julimar Roberto, comerciário e presidente da Contracs–CUT