Na noite desta terça-feira, 6, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) participou do ato pela igualdade no trabalho e na vida promovido pela CUT.
Representaram a Contracs na solenidade o presidente Alci Matos Araujo, a secretária de promoção da igualdade racial Maria Regina Teodoro e o secretário de organização e política sindical Valeir Ertle.
Na primeira parte do ato, o curta-metragem Vista minha pele, de Joel Zito Araujo, foi exibido aos participantes. Após a exibição, o autor promoveu um pequeno debate sobre o tema. Para ele, Vista minha pele mostra a importância de debater a questão racial.
“Hoje a questão racial não é mais debatida como antigamente. É felizmente uma questão nacional.” ressaltou. Joel Zito ainda disse: “O país precisa de sua diversidade para se desenvolver e temos que contribuir pagando a dívida histórica onde, por centenas de anos, nenhuma medida tinha sido tomada para tirar a subalternidade da população negra.” Para reverter o quadro severo de desigualdade no País, o cineasta destacou e elencou diversas medidas tomadas pelo Estado como a adoção da política de cotas, a construção do Estatuto da Igualdade, entre outras.
Após o debate, uma mesa política se formou com Martvs das Chagas, representando a Fundação Cultural Palmares; Eunice Léa de Moraes, representando a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir); Júlia Nogueira, secretária nacional de combate ao racismo da CUT e Vagner Freitas, presidente da CUT.
Martvs das Chagas iniciou as falas lembrando que a CUT atua de maneira efetiva contra a desigualdade racial desde os anos 80 e que a partir deste enfrentamento histórico muito já foi conquistado. “Para evidenciar o quanto já avançamos, naquela época lutávamos contra o racismo e discriminação. Continuamos sim, destacando estes pontos, mas agora queremos também igualdade de oportunidades, mais e melhores empregos, educação, saúde. Tudo isso é fruto da mobilização dos movimentos sociais negros, desde a realização da grande marcha à Brasília em 1995 que foi um marco efetivo e que colocou este debate em evidência na sociedade”.
Eunice ressaltou a luta das mulheres negras, que precisam enfrentar não só racismo como o sexismo. “Por isso, nós, mulheres negras, enfrentamos duas vezes as barreiras impostas pela sociedade.” Além disso, Eunice parabenizou a CUT pela iniciativa do ato, que marca não só a data de 20 de novembro como o mês de novembro como marco na luta pelo combate à discriminação racial. “A Seppir parabeniza a CUT pela iniciativa, pelo ato e por estar sempre abordando o tema da igualdade racial.”
“O tema racial é incipiente ainda na CUT. Temos muitas dificuldades e para tanto temos que avançar com ações afirmativas.” ressaltou o presidente da Central, Vagner Freitas. Segundo ele, atuar de forma afirmativa é, por exemplo, lutar para que questões e cláusulas raciais sejam incluídas nos acordos e convenções coletivas. Freitas destacou que muitos sindicatos ainda não apresentam as questões raciais nem mesmo nas pautas de negociação e isso deve ser diferente.
Já a secretária nacional de combate ao racismo da CUT, Júlia Nogueira, falou que a ideia de iniciar as ações de combate ao racismo no início do mês é para que se consolidem ações em todo o Brasil marcando não só o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, como todo o mês de novembro.“Uma agenda repleta de atividades por todo o País, fortalecendo a participação da militância CUTista, pensando ações que possam combater efetivamente o preconceito e a discriminação”, declarou.
Sobre o ato realizado nesta terça-feira, Julia destacou: “Espero que aqueles que não são negros e estão aqui hoje também possam vestir a nossa pele e dimensionar a nossa luta.”
Avaliação
O presidente da Contracs, Alci Matos Araujo, afirmou que estes atos levam à possibilidade de refletir sobre a realidade atual promovendo mudanças na sociedade e no trabalho. “Estes eventos oportunizam a reflexão e temos que estar juntos em uma luta única em prol da igualdade de oportunidades no trabalho, na vida e no movimento sindical.” avaliou.
“A importância deste evento é que consiga passar aos dirigentes e aos militantes a história e a luta do povo negro e as propostas que viveram dificuldades para construir a igualdade na sociedade e no país.” destacou a secretária de promoção da igualdade racial da Contracs, Maria Regina Teodoro.
Para o secretário de organização e política sindical da Contracs, Valeir Ertle, atos como este são fundamentais, pois o Brasil viveu com 500 anos de exploração da população negra. “A televisão mostra negros em cargos de importância, mas na realidade sabemos que a maioria da população negra ainda ocupa cargos de baixa chefia e com salários menores.” Valeir destacou que a sociedade ainda é racista e os debates são importantes para promover igualdade e corrigir estas situações.