Emoção marcou abertura do evento com mais de 5 mil pessoas
Na segunda-feira, dia 10, na sede da CUT-SP na cidade de São Paulo, cerca de 70 pessoas entre margaridas e margaridos partiram em dois ônibus com destino a Brasília para participar da 5a Marcha das Margaridas. A cena se repetia em diversos estados e cidades brasileiras.
A delegação da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) contava com 23 participantes de diversas entidades, como o Sindilimpeza da Baixada Santista, o Secor, o Sintradete, as Domésticas de São Paulo além de representantes da Confederação como a secretária de mulheres Paloma dos Santos e a diretora Lucilene Binsfeld.
Com o dia seguinte raiando no cerrado, a maioria ainda dormia nos ônibus até chegar na última parada – já em uma cidade satélite próxima à capital federal. Nem mesmo mais de 12 horas de ônibus desanimaram a delegação de São Paulo e nem mesmo as outras, que se concentraram na mesma parada e aproveitaram para se aquecer do frio de 12 graus. Cantar, dançar e rodar foi a forma que margaridas encontraram para iniciar o dia 11 de agosto – o dia da abertura da 5a Marcha das Margaridas.
No estádio Mané Garrincha, os símbolos das mulheres rurais denominadas margaridas estavam em toda parte: nos chapéus de palha, nos cestos feitos do mesmo material e nas letras e palavras feitas em tecido de chita – muito usado pelo interior do Brasil. Dentro do estádio, que sediou a Copa do Mundo de 2014 e pela primeira vez recebia um evento da sociedade civil, muitas outras margaridas já estavam reunidas e, aos poucos, delegações de todo o Brasil se somavam em luta pela igualdade, democracia, autonomia, liberdade e desenvolvimento.
Durante todo o dia, o estádio recebeu pessoas de todos os lugares – do Amazonas ao Rio Grande do Sul. A organização estima que apenas durante o dia 11 mais de 30 mil pessoas passaram pelo local.
Às 20 horas, a abertura contou com a presença de autoridades, entidades sindicais e diversos movimentos de mulheres de todo o País. Mais de cinco mil pessoas assistiram a abertura que contou com a ilustre presença do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A solenidade sentenciou que no local havia uma mistura de mulheres da água, do campo, da floresta e da cidade. De várias raças. Todas no enfrentamento da violência. A presença e participação da secretária de mulheres da Contracs, Paloma dos Santos, foi citada na abertura.
A canção que iniciou a cerimônia denunciava a emoção e o espírito que tomariam conta de toda a Marcha:
Vidas, sonhos, conquistas e lutas também
É uma semente que devemos plantar
Pra colher a paz e um futuro de glórias
A cada semente que plantamos
Deixamos no chão a nossa história
Este ano, a marcha completa 15 anos e aconteceu anteriormente nos anos de 2000, 2003, 2007 e 2011.
Alessandra Lunas, coordenadora da Marcha e secretária de mulheres da Contag, destacou que hoje a Marcha das Margaridas é um marco internacional e não luta só pelas mulheres brasileiras, mas de todo o mundo.
Além de pontuar críticas à questões importantes para romper paradigmas e que são considerados retrocessos pelas feministas como a falta de discussão das relações de gênero nas escolas e a violência contra as mulheres, Alessandra também destacou avanços dos últimos anos como o aumento da titulação da terra conjunta entre homens e mulheres.
“A marcha grita por reforma agrária sempre e pela ótica das mulheres.” pontuou a coordenadora da Marcha, que continuou elencando as demais defesas do evento: “a marcha vem em defesa da democracia, por isso vamos gritar contra as votações do Congresso Nacional e que os ajustes não sejam feitos em detrimento dos trabalhadores.”
O presidente da Contag Alberto Broch ressaltou os motivos que levaram milhares de mulheres e homens à Brasília pela 5a Marcha das Margaridas. “Essa Marcha é da Reforma Agrária, por direitos a Políticas Públicas, combate a Violência, entre outras conquistas que precisam chegar para as margaridas. Uma Marcha construída por várias mãos. Por mulheres que decidiram não se calar diante dos desafios impostos”
O ex-presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, era o mais esperado. Desde sua chegada, as pessoas estavam eufóricas e tentavam se aproximar do palco de abertura. A presença de Lula era mais um elemento potencializador da luta e da emoção da abertura. O ex-presidente finalizou as falas e destacou que as reivindicações da Marcha mudaram assim como o País: “Vocês aprenderam depois de muitas Marchas que é possível mudar a história desse país. Quanto mais a gente quer, a gente conquista. Democracia não é um ato de silêncio, mas é o povo da rua reivindicando direitos”.