Trabalhadores sentem que a unidade de classes será fundamental para frear o golpe parlamentar que segue em curso
O auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados foi palco para celebração do lançamento oficial do Fórum Interinstitucional em Defesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social (FIDS), realizado na manhã desta quarta-feira (22). Líderes de centrais sindicais, confederações, associações trabalhistas e entidades dos movimentos sociais bem como parlamentares e juristas da área trabalhista prestigiaram o evento. A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs/CUT) esteve representada pela presidente do Sindicato dos Empregados de Asseio e Conservação (Sindiserviços-DF), Maria Isabel Caetano dos Reis.
O Fórum tem o objetivo de promover discussão e garantir o rito legal e regimental sobre as propostas que tramitam no Congresso Nacional relacionadas às causas trabalhistas bem como colaborar com demais Fóruns e Frentes criados com intuito de defender os direitos do trabalhado e programas sociais.
Palavras aliadas às práticas –Sob a supervisão de coordenadores do FIDS, os presentes confirmaram a unidade entre os poderes institucionalizados: Câmara, Senado, Procuradoria Geral do Trabalho e demais órgãos trabalhistas, buscando aglutinar forças junto aos movimentos de rua, os quais devem seguir uma agenda programática nos municípios, nos grandes centros urbanos e nas capitais, contra as reformas trabalhista e previdenciária e também pra frear o golpe que segue em curso.
Parafraseando Carlos Drummond de Andrade, “lutar com palavras é a luta mais vã, no entanto lutemos mal rompe o amanhã”, o deputado Chico Alencar do Psol-RJ reforçou a importância de o embate acontecer nas ruas e com o povo. “No congresso este governo tem maioria e age em favor do capital e contra os trabalhadores, mas nas ruas o povo se torna maioria e podemos virar o jogo”, conclamou.
“Todos os trabalhadores serão penalizados e as mulheres ainda mais. Além da entrega do Brasil, este governo ilegítimo extinguirá a previdência e destruirá as condições dignas de trabalho, voltando às barbáries do trabalho no século XVII. Está continuamente rasgando as conquistas e lutas”, observou Erika Kokay (PT-DF). Ao final, a deputada deu recado a Michel Temer. “Cuidado moço, este povo é composto por homens e mulheres que jamais vão desonrar a história de lutas e as conquistas dos brasileiros”, alertou.
Justiça do Trabalho condena inverdades – o Juiz do trabalho, Dr. Luiz Antônio Colussi, representante da Associação dos Magistrados do Trabalho – ANAMATRA reafirmou que a justiça do trabalho está do lado dos trabalhadores, uma vez que toda a história de luta culminou na Constituição Federal e agora, ao mesmo passo, estão desconstituindo o Estado democrático de direito. “O direito do trabalhador garante o direito à aposentadoria justa e o combate às condições indignas de trabalho. Por isso, deveremos atuar com mais força, pois a decisão do governo é em detrimento de tudo o que foi conquistado. Reafirmamos que não aceitamos a retirada de direitos e vamos lutar até o fim na defesa de que não aceitamos nenhum direito a menos”, reiterou o magistrado.
Representantes engajados na luta –Em nome da Confederação, Maria Isabel Caetano dos Reis, denunciou os desmandos quanto à terceirização ao criticar as reformas propostas por Temer. “Faço uma reflexão sobre os limites da terceirização, sobretudo neste projeto que tem como critério nomear futuros representantes não sindicalizados, o que no meu entendimento vai colocar qualquer bucha de canhão como representante, o que é gravíssimo. Também retiram os direitos das mulheres como a licença à maternidade como está estabelecida. Tratando deste jeito, só falta aparecerem com o chicote e o tronco. Aonde vamos chegar”? questionou.
A Secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa, reiterou que a unidade é imprescindível no momento e que acordos escusos serão desmascarados. “Este governo golpista mente ao fazer propaganda sobre a previdência. Devemos fazer nossa agenda positiva e avançar sobre a pauta deles. Vamos revogar a PEC 241/55 e a emenda 95 (que tratam sobre corte de investimento e regime fiscal, respectivamente). E pra quem está traindo os trabalhadores e o povo brasileiro, a foto vai para o poste sim, para padarias, praças e aeroportos, pois serão lembrados em 2018”, atacou Graça ao cobrar a unidade em favor do povo brasileiro.
“Estou convicto de que nem eles (golpistas) acreditam nestas propostas descabidas. E se entram nos nossos lares por meio da mídia, mentindo, devemos ir até suas bases, seus escritórios, suas casas e mostrar que terão resposta ao que estão fazendo com o povo”, disse o Senador Paulo Paim (PT-RS).
Ao encerrar o encontro, Paim deixou bem claro de que lado está. “Eles defendem coisas, nós defendemos causas, recentemente rompi amizades antigas e resolvi que só declaro meus amigos os que defendem a classe trabalhadora e o povo brasileiro. Estes sim, que dizem não à reforma trabalhista, não à reforma previdenciária e se for necessário, faremos o combate “no cabo do facão”, pois os golpistas não passarão e jamais retornarão todos os que forem contra os trabalhadores”, finalizou.