👉 Era 1993 quando o então deputado federal Jair Messias Bolsonaro esbravejava contra o sistema eleitoral brasileiro e defendia sua informatização. Por que mudou de opinião agora?
Era 1993, quando o então deputado federal Jair Messias Bolsonaro, no exercício de seu primeiro mandato, esbravejava contra o sistema eleitoral brasileiro e defendia sua informatização. Segundo ele, haveria uma resistência do Congresso em implementar um sistema eletrônico nas eleições, por serem os votos impressos mais fáceis de manipulação.
“Esse Congresso está mais do que podre. (…) Não querem informatizar as apurações pelo TRE. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão trinta mil votos e só terão computados três mil”, dizia ele em uma reportagem do Jornal do Brasil.
Três anos depois, as urnas eletrônicas entraram em funcionamento no país e, através delas, Bolsonaro foi eleito para seis mandatos de deputado federal e um de presidente da República.
Então, com esses dados positivos a seu favor, por que montar esse verdadeiro “tribunal de Inquisição” contra o voto eletrônico?
A verdade é que, mesmo renegando a ciência e sempre buscando sustentação em seus “achismos” insensatos, as razões de Bolsonaro em defender o voto impresso são políticas e eleitoreiras – e não apenas por descrença na tecnologia.
Para começar, como é sempre de seu feitio, o presidente insiste em pautas controversas para desviar a atenção da opinião pública e da imprensa de outros fatos políticos. E é inquestionável que esse embate contra o voto eletrônico tem recebido muita atenção da mídia, do Congresso e da sociedade.
Também, vale dizer que, das pautas conservadoras defendidas pelo eleitorado fiel do presidente, o voto impresso foi a única que chegou a ser discutida no Congresso. Temas como Estatuto do Nascituro, redução da maioridade penal, homeschooling, Escola sem Partido e a ampliação do porte de armas não avançaram, fazendo com que a camada bolsonarista da população se sinta desprestigiada. Esse é mais um dos motivos que levam Bolsonaro a insistir na aprovação da PEC 135/19, apesar de toda a pressão contrária.
Paralelo a isso, os governistas assistem a ascensão de Lula rumo ao Palácio do Planalto, após o petista ter readquirido seus direitos políticos. Pesquisa após pesquisa, o ex-presidente amplia a possibilidade de vitória que o próprio Bolsonaro reconheceu, em declaração a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
“Já está certo quem vai ser presidente o ano que vem. A gente vai entregar isso?”.
Se o próprio Jair acredita, quem somos nós para duvidar. Mas o que interessa é que, ao descredibilizar a urna eletrônica, o atual governo cria um clima de desconfiança e se precavém em relação a uma possível derrota nas eleições presidenciais de 2022, se respaldando para contestar o resultado.
Caso perca, pode alegar ser essa a prova de que o sistema é fraudulento e, a exemplo do ex-presidente americano, Donald Trump, incitar uma investida popular.
O fato é que suas ações desmedidas, uma vez mais, ameaçam o Estado Democrático de direito e a soberania popular, afrontam os demais Poderes, desrespeitam o povo brasileiro e colocam em risco o Estado Constitucional.
Nunca antes, na história desse país, houve uma figura política tão nociva e tão vil quanto Jair Messias Bolsonaro. E, quando achamos que ele já fez de tudo para prejudicar nossa Democracia, ele nos surpreende com um absurdo maior e mais pernicioso.
Então, por mais essa, conclamamos os brasileiros e brasileiras a engrossar as fileiras da resistência e responder sempre que convocados aos inúmeros atos em prol do impeachment de Bolsonaro. Se todo poder emana do povo, só o povo – mobilizado e nas ruas – conseguirá libertar essa nação.
Fora Bolsonaro!