Faltam poucos dias para o encerramento definitivo de um dos piores ciclos da história do país e o início de uma nova era, de reconstrução do país, com respeito à democracia e empatia entre todos os brasileiros e brasileiras e parceiros do mundo todo. É isso que representa a posse do presidente eleito e já diplomado, Lula (PT), no dia 1º de janeiro de 2023, para o Brasil e para o mundo. A expectativa é grande e a organização do evento afirma que todos os cuidados estão sendo tomados para garantir a segurança das milhares de pessoas e 17 chefes de estado que até agora confirmaram a presença.
O golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, deu início a um período de trevas que se aprofundou em 2018 com a eleição de Jair Bolsonaro (PL), um político de extrema direita, que estimulou o ódio, a intolerância e atacou a democracia e os direitos sociais e trabalhistas, além de ter contribuído para o recrudescimento de um conservadorismo fascista que violentou a liberdade e a dignidade de diversos segmentos da sociedade.
Por isso, o dia 1° de janeiro de 2023, que marca oficialmente o fim do governo Bolsonaro, está atraindo multidões à Brasília.
Brasília deve receber mais de 350 mil pessoas vindas de todas as partes do país para acompanhar este momento histórico. É a primeira vez que um presidente assume o Planalto pela terceira vez e também a primeira vez, desde a redemocratização do país, em 1985, com o fim da ditadura militar, que um presidente não é reeleito, caso de Bolsonaro.
A organização da cerimônia já vem sendo preparada há vários dias e está atenta a vários detalhes, desde a segurança até questões de inclusão social. Para os próximos dias, uma campanha deverá circular pelas redes sociais com vídeos curtos que trarão mensagens de pessoas sobre paz e sobre a posse ser uma festa da democracia.
Como será o evento?
A organização prevê que o presidente eleito fará um trajeto de carro em direção ao Congresso Nacional à partir das 14h30 do dia 1° de janeiro. O tradicional (e histórico) Rolls Royce presidencial, usado desde 1953, na posse de Getúlio Vargas, está passando por análise da Polícia Federal que deverá dar um aval sobre seu uso.
No dia 7 de dezembro, em coletiva de imprensa, a futura primeira-dama, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, que está diretamente envolvida nos preparativos do evento e é coordenadora do núcleo de transição de governo, afirmou que o veículo foi danificado durante a posse de Jair Bolsonaro, em 2018.
De qualquer maneira, segunda Janja, o desfile será feito em carro aberto, ainda que não seja o Rolls Royce.
A posse terá transmissão por telões que serão instalados ao longo da Esplanada dos Ministérios. Há a previsão também de que a posse de Lula promova ações inclusivas. A previsão é de que não haja show pirotécnico. De acordo com a Janja, a organização foi procurada por representações de pessoas autistas que alertaram sobre os barulhos que a posse pode produzir e perturbar pessoas com deficiência, especialmente os fogos de artifício e a salva de tiros de canhão.
Janja afirmou que, com relação aos fogos de artifício, a equipe já vinha discutindo a retirada ou a possibilidade de garantir que eles não tenham ruídos.
Já para a tradicional salva de canhão, que faz parte do protocolo da cerimônia (veja ao final da matéria como é cronograma), uma alternativa será analisada junto ao cerimonial do Senado, responsável pelo rito militar. Pelo protocolo oficial são simulados 21 tiros de canhão.
“Essa equipe vai atender essa solicitação da sociedade civil. Vamos conversar sobre isso, de que forma vamos substitui-la”, disse a futura primeira-dama.
200 caravanas estão organizadas
Movimentos populares estão organizados para acompanhar a posse. “Até agora já temos cerca de 200 caravanas, além das pessoas que irão de forma individual, de ônibus de linha ou de carro”, diz o coordenador da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim.
Ele cita a Central de Movimentos Populares (CMP), liderada por ele, além do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Nacional por Moradia (UNM), o Movimento Nacional de Luta por Moradia, o Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), entre outros.
“Resistimos juntos o golpe contra a Dilma, os retrocessos dos governos Temer e Bolsonaro, a prisão injusta do Lula, participamos da campanha vitoriosa, e agora estaremos em Brasília para participar dessa festa popular e democrática”, reforça Bonfim.
Acolhimento em Brasília
O grupo de Transição de Governo tem articulado com os sindicatos e movimentos sociais a participação de grupos vindos de diversas partes do país. Para tanto, foi necessário pensar em um esquema especial para receber e garantir a segurança dessas pessoas.
O primeiro passo foi elaborar um sistema de cadastramento para que as pessoas possam ser recepcionadas em Brasília, acolhidas em alojamentos e protegidas.
“O objetivo é poder ter um controle total sobre esses grupos para monitorar o trajeto até Brasília, também para poder recebê-los e acompanhá-los aos locais na capital e prestar qualquer tipo de assistência, até mesmo jurídica”, diz Rosilene Correia Lima, secretária de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que faz parte da organização das caravanas.
Ela reforça que as medidas são necessárias para proporcionar maior segurança a todos.
A dirigente diz ainda que a organização está providenciando alojamentos para os militantes durante o período que vai da véspera da posse até o dia seguinte. Ressalta também que é importante saber o número de pessoas, mesmo que não precisem de alojamentos.
“Por isso, é necessário que os responsáveis pelas caravanas preencham o cadastro que está disponível na página do Gabinete de Transição”, ela diz.
Ao acessar a página Informações Caravanas, basta rolar até o final onde haverá o link Cadastre Sua Caranava.
Uma vez no formulário, basta o responsável preencher o cadastro com as informações de todos os participantes. Não é necessário cadastro individual pessoas.
As caravanas podem ser de ônibus ou mesmo um grupo pequeno que vá de carro a Brasília. Ainda assim é preciso cadastrar-se.
As orientações da organização aos participantes são de não ficarem sozinhos em momento algum, ou seja, procurar estar perto de pessoas conhecidas, verificarem as hospedagens, se certificarem de quem são os anfitriões, além de evitar provocações que possam surgir no local.
“Estamos trabalhando para que tudo ocorra da maneira mais pacífica possível, no entanto é preciso monitorar tudo porque será muita gente se reunindo. Todo cuidado é pouco”, diz Rosilene.
Ela lembra que todas as informações sobre os alojamentos e responsáveis e participantes das caravanas serão checadas. “É um processo de monitoramento para que pessoas mal-intencionadas não se infiltrem nas caravanas. Temos uma equipe preparada para isso”, diz.
Segurança
Também membro da Coordenação de Organização da Posse, o embaixador Fernando Igreja garantiu que “o evento está sendo preparado de maneira que o presidente, a futura primeira-dama, o vice e ‘todo mundo’ tenham todo o esquema de segurança garantido para que a posse transcorra em tranquilidade”.
Janja ainda reforçou que o grupo está trabalhando em conjunto com autoridades locais para que tudo transcorra da maneira mais tranquila possível. “Não estamos prevendo nenhum problema”.
“Todas as forças de segurança estão envolvidas no esquema do dia da posse, tanto a Polícia Militar do Distrito Federal quanto os demais órgãos que atuam na segurança pública. O protagonista do evento é o povo que virá assistir ao evento”, disse a socióloga.
Festival
Uma das novidades para a posse de Lula é o Festival do Futuro, evento dentro das atividades festivas em comemoração à posse de Lula. Várias atrações estão confirmadas:
Almério
BaianaSystem
Duda Beat
Fernanda Takai
Francisco el Hombre
Gabi Amarantos
Geraldo Azevedo
Jards Macalé
Johnny Hooker
Juliano Maderada.
Kleber Lucas
Leonardo Gonçalves
Luedji Luna
Marcelo Jeneci
Margareth Menezes
Maria Rita
Martinho da Vila
Odair José
Os Gilsons
Otto
Pablo Vittar
Paulinho da Viola
Paulo Miklos
Thalma de Freitas
Tereza Cristina
Tulipa Ruiz
Valesca Popozuda
Zélia Duncan
Os shows musicais estão previstos para começar após o evento no Planalto, às 18h30. Eles serão realizados em dois palcos, um em cada lado da Praça dos Três Poderes, que levam os nomes das cantoras Elza Soares e Gal Costa. “O dia 1º janeiro começará com muita alegria e terminará com muita alegria. É o fundamental que a gente espera”, destacou Janja.
Roteiro do cerimonial
1 – Chegada de chefes de Estado e de Governo no Anexo 1 e de autoridades e convidados no Salão Branco, no Senado Federal, a partir das 13h30
2 – Chegada de Lula e Alckmin na Catedral de Brasília às 14h20, de onde saem para o tradicional desfile presidencial, em carro aberto, pela Esplanada dos Ministérios.
3 – Chegada ao Congresso Nacional às 14h40, onde serão recebidos pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Procurador-Geral da República.
4 – Sessão solene na Câmara às 15h, com juramento do compromisso constitucional. Presidente e vice “juram manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. Há ainda a assinatura do termo de posse e pronunciamento do presidente empossado. Às 15h50 seguem para a sala de audiências da presidência do Senado.
5 – Presidente empossado desce a rampa do Congresso às 16h00. Como é comandante e chefe das Forças Armadas, ele é saudado pelo Batalhão da Guarda Presidencial e por tropas da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Presidente e primeira-dama seguem ao Palácio do Planalto onde sobem a rampa e há o ato da entrega da faixa presidencial.
6 – Discurso à nação no parlatório do Palácio do Planalto, às 16h20 – cerimônia de honras militares
7 – No Salão Nobre, já com a faixa presidencial, o presidente dá posse ao novo gabinete com seus ministros.
8 – Recepção no Palácio do Itamaraty. No local, o presidente recepciona autoridades internacionais e chefes de Estado presentes.
9 – Início do Festival
*Com informações adicionais de Fórum, Brasil de Fato, Rede Brasil Atual, PT e agências