A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta quarta-feira (03/05), uma operação de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília. Na chamada operação “Venire”, a PF investiga um esquema de fraude no documento de vacinação do ex-presidente e de outras pessoas de sua comitiva.
Entre os assessores investigados, está o coronel Mauro Cid, que foi preso durante a operação de hoje. Outros dois assessores do ex-presidente também foram presos e os celulares de Bolsonaro e da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram recolhidos.
A PF apura se os dados de Bolsonaro, do coronel Mauro Cid e da filha do ex-presidente, Laura, foram forjados. A suspeita é de associação criminosa para fraudar documentos oficiais e sistemas do Ministério da Saúde. Os dados falsos teriam sido inseridos no sistema entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, para que os beneficiários pudessem emitir certificado de vacinação para viajar aos Estados Unidos.
Para falar sobre os desdobramentos da Operação Venire, o Central do Brasil desta quarta-feira (3) conversou com Paulo Ramirez, cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Na visão do cientista político, as supostas mentiras em torno do cartão de vacinação de Bolsonaro tendem a fazê-lo perder a popularidade. “Quando essa mentira se torna escancarada, ele tende a perder popularidade, sobretudo dos seus mais ferrenhos adeptos. Então isso trará implicações políticas ao Bolsonaro desde a cadeia até mesmo ao distanciamento de muitos aliados da sua pessoa.”
Ainda de acordo com Ramirez, a situação é mais grave, pois há indícios de que as autoridades brasileiras não tiveram uma regulação e nem um controle rígido sobre quem foi ou não vacinado. “Então isso significa que além do Bolsonaro pode ser que a gente tenha outras autoridades que tenham transitado em outros aeroportos mundo afora, políticos importantes ligados a Bolsonaro que fizeram toda a campanha negacionista em relação à vacina e que podem sim ter infringido leis de outros países. Isso também pode gerar complicações para o Bolsonaro fora do país”, aponta.
“Se ele não é totalmente culpado, ele é cúmplice. Isso certamente mancha a imagem do Bolsonaro na opinião pública e mesmo entre meios de comunicação que são mais conservadores”, conclui.
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Redação do Brasil de Fato / Edição: Nicolau Soares