O ex-major do Exército Ailton Barros discutiu com Mauro Cid sobre um golpe de Estado no Brasil. Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e seu braço direito, preso por envolvimento no caso da falsificação do cartão de vacina do ex-presidente.
No dia 15 de dezembro, Barros disse: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”, afirmou. “Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. Os relatos foram publicados pela jornalista Daniela Lima, da CNN.
O ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos. “Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, questionou.
“Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, acrescentou.
No diálogo, Barros fala sobre Freire Gomes. “Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”.
Barros foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF, Bolsonaro e Mauro Cid tinham “plena ciência” da mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do Planalto.
Durante o seu governo, Bolsonaro estimulou um golpe no País ao convocar apoiadores para atos críticos ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração de eleições.
Em novembro do ano passado, o TSE multou o PL em R$ 22,9 milhões após o partido questionar a confiança das urnas eletrônicas.
Em 8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram as partes externas do Planalto, onde fica o gabinete presidencial, Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.390 pessoas por manifestações terroristas.
Da redação da CUT