A rede varejista Marisa anunciou que vai fechar 91 das suas 334 lojas como parte de um plano de recuperação da geração de caixa e rentabilidade da empresa. Segundo a administração, as unidades são consideradas deficitárias. Em mensagem enviada aos acionistas, a empresa informou que 25 lojas já foram fechadas entre março e abril. Outras 26 serão encerradas ao longo de maio. A previsão é de que 1800 trabalhadores e trabalhadoras sejam demitidos.
A empresa diz que tomou as medidas de recuperação em função do cenário macroeconômico adverso, as importações ilegais sem a devida tributação e as elevadas taxas de juros.
A Marisa é mais uma empresa que critica os juros altos, mantidos em 13,5% pelo Banco Central, que se tornou autônomo na gestão de Jair Bolsonaro, impedindo o governo atual de definir o índice. A queda na taxa Selic é uma das bandeiras do presidente Lula que afirma que os atuais índices impedem o crescimento econômico do país e a abertura de vagas de emprego. A CUT também se posicionou contra a atual taxa de juros.
Outro fator que chama a atenção apontado pela rede varejista são as importações ilegais sem a devida tributação. Recentemente o governo federal tentou taxar as importações ilegais (as legais já são taxadas de 1999), mas após levar uma enxurrada de críticas causada por fake News de que o consumidor pagaria a mais por compras em lojas legalizadas, a proposta que nem havia sido apresentada oficialmente, foi retirada.
Apesar da retirada da proposta de taxar a importação ilegal, o diretor-presidente da Marisa, João Pinheiro Nogueira Batista, diz esperar que a concorrência desleal seja coibida.
“Estamos acompanhando de perto a evolução das iniciativas do governo federal para o setor de varejo no Brasil, que objetivam coibir a concorrência desleal e reestabelecer a isonomia tributária”, afirma.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu no final de abril a empresários do varejo que vai trabalhar em um plano de adequação das compras feitas em lojas de comércio eletrônico asiáticas. Um dos objetivos é assegurar que o imposto seja cobrado na transação.
Dívidas da Marisa
A varejista tem dívida líquida na casa dos R$ 461 milhões, segundo o balanço do 1º trimestre. A Marisa também afirma que renegociou dívidas com 90% dos fornecedores e 65% dos proprietários de imóveis.
A empresa disse que teve melhor desempenho nas vendas em lojas físicas, com crescimento de 5% no faturamento, mesmo com fechamento de 14 lojas entre dezembro de 2022 e março de 2023. A rede tem um prejuízo líquido de R$ 148,9 milhões, no primeiro trimestre deste ano – um aumento de 64,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. Ainda assim, a empresa teve receita líquida positiva em comparação ao ano passado, com o faturamento de R$ 440,5 milhões.
Redação da CUT com informações do G1