O desemprego subiu em 21 estados e no Distrito Federal com alta de 8,8%, no primeiro trimestre de 2023, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na quinta-feira (18). Os mais atingidos por falta de oportunidades de trabalho são os negros, mulheres e jovens. Veja abaixo os índices nesses estratos.
Em relação ao trimestre imediatamente anterior, entre outubro e dezembro, o período traz aumento de 0,9 ponto percentual (7,9%) na taxa de desocupação. No mesmo trimestre de 2022, a taxa era de 11,1%. Ainda assim o índice de desemprego é o menor para o trimestre desde 2015, quando fechou em 8%.
Esse movimento já era esperado segundo analistas econômicos. Os números estão relacionados a uma redução sazonal, pois em dezembro há muita contratação temporária que, na maioria dos casos, e principalmente sem o reaquecimento da economia, não é aproveitada em definitivo no início do ano. Além disso, os resultados ainda refletem a crise econômica que se arrasta nos últimos oito anos, sendo, portanto, uma consequência das políticas econômicas de governos anteriores.
Juros altos impedem retomada econômica e geração de empregos
O atual governo culpa os juros altos como o principal vilão que tem dificultado a recuperação econômica do país e, por conseguinte, a geração de empregos e renda. A taxa Selic determinada pelo Banco Central está em 13,75%, a maior do mundo. Como o BC se tornou independente na gestão de Bolsonaro, o atual governo está impedido de baixar os juros. Isso se reflete no mercado de trabalho, com empresas fechando por não ter condições de pagar os empréstimos contraídos e outras não conseguem fazer novos investimentos em função do dinheiro mais caro.
“O maior desafio do governo Lula é fazer a roda da economia voltar a girar. O aumento real dos salários, como já anunciado para o salário mínimo, é o primeiro passo para a retomada do desenvolvimento, mas a política de juros altos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está remando contra a recuperação econômica”, avaliou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.
Mulheres
Os mais atingidos pela falta de emprego, mais uma vez, são as mulheres e os negros. Os mais jovens também encontram mais dificuldade para ingressar no mercado de trabalho.
Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 10,8%, No último trimestre de 2022, o índice de desocupação das mulheres era de 9,8% enquanto o dos homens era de 6,5%.
Uma das prioridades da campanha nacional da categoria dos bancários deste ano é garantir a igualdade de oportunidades, com o fim da discriminação de gênero, de raça e de orientação sexual. A sindicalista disse ainda que é preciso acabar com a desigualdade e a discriminação sofridas pelas mulheres no mercado de trabalho.
“É inaceitável que, em pleno século XXI, o Brasil continue dando tratamento desigual na empregabilidade e na ascensão profissional, discriminando as mulheres e os negros”, criticou Kátia
Negros excluídos
A população negra é ainda mais excluída no mercado de trabalho brasileiro. No recorte por cor ou raça, o IBGE verificou que a taxa de desocupação, no primeiro trimestre deste ano, era de 11,3% entre os que se autodeclaravam pretos, 10,1% entre os pardos e 6,8% entre os brancos.
“É preciso criar mecanismos de cotas raciais no mercado de trabalho porque está mais do que comprovado que as empresas discriminam negros e negras na contratação, na média salarial e nas oportunidades para o crescimento profissional”, destaca o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar.
Jovens com dificuldades
Na análise das faixas etárias, os mais jovens enfrentam maiores dificuldades em encontrar emprego. De 18 a 24 anos, a taxa de desocupação é de 18%. De 25 a 39 anos, a taxa cai para 8,2%. Na faixa de 40 a 59 anos, passa para 5,6%. E chega a 3,9% entre aqueles que têm mais de 60.
Na relação com a escolaridade, a taxa é maior para aqueles que têm ensino médio incompleto (15,2%). A menor taxa foi encontrada nas pessoas com ensino superior completo (4,5%). Nos demais níveis de escolaridade, os índices foram os seguintes: sem instrução (6,7%), fundamental incompleto (8,7%), fundamental completo (10,1%), médio completo (9,9%) e superior incompleto (9,2%).
Mercado informal e renda
O Piauí é o estado da federação mais atingido pelo desemprego: 39,6%. Em seguida aparecem Sergipe (33,4%) e Bahia (32,9%). As menores taxas foram em Santa Catarina (6,4%), Rondônia (6,7%) e Mato Grosso do Sul (0,7%).
O mercado informal atingiu 39% da população ocupada no trimestre, com índices maiores no Pará (59,6%), Amazonas (57,2%) e Maranhão (56,5%).
Já a renda média mensal no período (R$2.880) cresceu em relação aos três primeiros meses de 2022 (R$2.682) e praticamente ficou estável em relação ao quarto trimestre de 2002 (R$2.861).
Da redação da CUT