A polícia espanhola anunciou nesta terça-feira (23) a prisão de quatro indivíduos suspeitos de terem pendurado um boneco representando o jogador do Real Madrid, Vinícius Júnior, enforcado em uma ponte rodoviária em Madri em janeiro. Essas detenções ocorrem apenas dois dias após o mais recente incidente de racismo contra o atacante brasileiro durante uma partida da liga espanhola contra o Valencia. Em relação a este último caso, a Polícia Nacional da Espanha anunciou pelo Twitter que deteve três jovens por “comportamento racista” durante o jogo.
“A polícia prendeu três jovens hoje em Valência pelo comportamento racista ocorrido no domingo passado na partida entre Valencia CF e Real Madrid”, informou a Polícia Nacional, subindo para sete o número de presos por atos racistas contra Vini Jr.
No dia 26 de janeiro, logo após a vitória do Real Madrid por 3 a 1 contra o Atlético de Madrid pela Copa del Rey, um boneco com a camisa de Vinícius Junior foi encontrado pendurado na ponte, simulando um enforcamento. Ao lado dele, havia uma faixa com os dizeres “Madrid odeia o Real”. O Real Madrid, em resposta a esse ato repugnante, denunciou o ocorrido como um lamentável ato de racismo, xenofobia e ódio contra Vinícius, exigindo que todas as responsabilidades fossem apuradas. Uma investigação foi aberta imediatamente.
Com base principalmente em depoimentos, a polícia declarou que os quatro torcedores detidos, identificados durante jogos classificados como de alto risco em relação à prevenção da violência no esporte, são os suspeitos de terem cometido tais atos. Em comunicado, a polícia espanhola afirmou que essas quatro pessoas presas em Madri são supostamente responsáveis por um “crime de ódio”. O comunicado também acrescenta que três delas são membros ativos de um grupo radical de torcedores de um clube de Madri.
Os meios de comunicação espanhóis relataram que a polícia utilizou câmeras de segurança para identificar os autores do crime, mas até então nenhuma medida havia sido tomada. A faixa com a mensagem de ódio é frequentemente associada a um dos grupos de torcedores do Atlético, embora o clube tenha negado qualquer envolvimento com essa exibição. A polícia ainda não informou se os detidos têm alguma ligação com esses torcedores.
Vinícius tem sido alvo de repetidas provocações racistas na Espanha, especialmente depois de comemorar seus gols com danças. No último incidente, durante o jogo contra o Valencia no último final de semana, a partida foi temporariamente interrompida quando parte da torcida adversária insultou Vinícius chamando-o de “macaco” no segundo tempo. O jogador apontou para a arquibancada de onde vieram os insultos e o árbitro Ricardo de Burgos decidiu paralisar o jogo. Vinícius considerou abandonar o campo, mas optou por continuar jogando.
A partida foi retomada após um aviso no sistema de som do estádio, solicitando o fim das manifestações racistas. Mais tarde, em meio a uma confusão generalizada, Vinícius acabou acertando o rosto de Hugo Duro com o braço e foi o único jogador expulso, já nos acréscimos.
O jogador brasileiro recebeu apoio de dirigentes e atletas ao redor do mundo e criticou duramente o futebol espanhol por não fazer o suficiente para combater o racismo. O Valencia baniu permanentemente um torcedor identificado como o responsável pelos insultos a Vinícius durante o jogo. O Real Madrid levou o caso ao Ministério Público, considerando-o um crime de ódio. A liga espanhola registrou nove queixas-crime de racismo contra Vinícius nas últimas duas temporadas, sendo a maioria delas arquivadas pelos procuradores.