Uma equipe da Polícia Civil resgatou, nesta quarta-feira (9), seis trabalhadores em condições análogas à escravidão em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. As vítimas, oriundas da Bahia, Minas Gerais, Pará e Rio Grande do Sul, foram encontradas num alojamento em péssimas condições de salubridade.
A denúncia do caso foi recebida por e-mail, no dia anterior, pela delegacia de Guaíba, informando que trabalhadores localizados no bairro Ipê estavam em situação insalubre e com dificuldades de retornar para as suas cidades de origem.
Os policiais foram então checar a denúncia e encontraram seis trabalhadores da construção civil, que haviam sido cooptados por um empreiteiro.
A proposta era receber R$ 3 por metro quadrado de bloco construído, com carteira assinada, incluindo hospedagem e três alimentações diárias gratuitas.
Colchões no chão, banho frio e comida estragada
Ao chegar em Guaíba, a realidade, porém, foi bem diferente. Eles se depararam com um alojamento sem cama, apenas com colchões no chão, banho frio, comida crua e estragada, parecendo serem restos. Sem sequer um copo ou caneca para beber, usavam uma garrafa pet cortada ao meio para tomar café.
“Vieram mal agasalhados, não tiverem nenhum suporte neste sentido. Vieram para trabalhar por produção e acabaram trabalhando apenas uma semana, mas ficaram 20 dias. Quando o primeiro trabalhador resolveu cobrar os seus direitos, pedir o pagamento e disse que ia embora, ele foi coagido”, explica a delegada Karoline Calegari.
Ela conta que esse trabalhador sofreu também ameaças. “Seis homens de uma empresa de segurança vieram até ele, mandaram juntar as coisas e, de forma bem truculenta, correram com ele do alojamento, de modo que todos os outros entenderam que quem reclamasse, teria o mesmo destino”, relata.
Após a expulsão do trabalhador, as chaves do alojamento sumiram e o restante do grupo passou a dormir com a porta destrancada. A situação foi entendida por eles como uma ameaça.
Empreiteiro reincidente
O empreiteiro foi autuado em flagrante. A polícia descobriu, inclusive, que ele já havia se envolvido em outros dois casos semelhantes em São Paulo, estado sede da empresa Alice Construções.
Os seguranças também foram identificados, assim como a pessoa responsável por fornecer a alimentação, e todos ainda serão ouvidos no inquérito policial aberto pela Polícia Civil.
Uma vez resgatados, a delegada explica que as vítimas irão receber apoio da assistência social do município de Guaíba e do Ministério do Trabalho e Emprego.
Redação da CUT com informações do Sul21